G1/LD
Pelo menos 90 elefantes foram assassinados por caçadores ilegais nos últimos três meses em Botsuana, país com a maior população desses animais no mundo.
A denúncia foi feita pela ONG Elefantes sem Fronteiras, que com apoio do Departamento de Vida Silvestre de Botsuana, está realizando um censo sobre a espécie. Os trabalhos começaram no último dia 10 de julho e já detectaram um dos maiores casos de caça ilegal da história da África.
"Todos os dias estamos contando elefantes mortos. Acabo de retornar da área NG42, provavelmente na área silvestre mais remota e isolada de Botsuana. Lá contamos seis corpos. Passaremos a estudar o distrito de Chobe na próxima semana", informou Mike Chase, diretor da organização e responsável pelo censo.
"Quando comparo os dados com o Censo de Elefantes que realizamos em 2015, estamos registrando o dobro de elefantes recentemente caçados de forma ilegal do que em qualquer outro lugar da África. As presas deles foram brutalmente arrancadas", lamentou Chase.
A crescente atividade de caçadores ilegais em Botsuana ocorre porque o governo do país extinguiu em maio o órgão que combatia a atividade no país.
"Botsuana sempre esteve na vanguarda da conservação. Confio que o presidente (Mokgweetsi) Masisi defenderá o legado do país e enfrentará o problema", afirmou Chase.
Segundo o diretor da organização, todos os elefantes encontrados mortos tinham mais de 35 anos. Por esse motivo, eles teriam presas pesadas, que podem passar dos 30kg. Na Tailândia e na China, que monopolizam o mercado do marfim, o quilo chega a custar US$ 1 mil.
As populações de elefantes de países como Zâmbia e Angola já foram praticamente dizimadas. Por isso, os caçadores ilegais agora parecem estar focando em Botsuana, considerada o último santuário dos animais no continente.
O país tem a maior população de elefantes da África, com mais de 135 mil animais. Ainda existem cerca de 100 mil elefantes nas floretas da África Central e 500 mil nas savanas.
Há 30 anos, a população de elefantes superava 1 milhão.