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O Conselho de Segurança da ONU está instalado neste fim de semana (21 e 22 de abril) em uma reserva natural sueca, uma novidade que ocorre em um contexto tenso entre as potências ocidentais e a Rússia, tendo o conflito sírio como pano de fundo.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, participa deste retiro informal anual que geralmente acontece em Nova York. A presença do seu enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura, não foi confirmada.
Os 15 membros do Conselho de Segurança se reunem em Backakra, a residência rural de Dag Hammarskjöld, o segundo secretário-geral da história da ONU, que morreu em 1961 em um acidente de avião na África em circunstâncias nunca explicadas.
A ala sul desta casa construída no meio de uma reserva natural perto do Mar Báltico, no extremo sul da Suécia, serve como residência de verão para os acadêmicos suecos que concedem o Prêmio Nobel de Literatura.
A milhares de quilômetros de Nova York e Damasco, os membros do Conselho estudarão "os meios para fortalecer e tornar mais eficazes as missões de manutenção da paz das Nações Unidas", disse o governo sueco.
A Ministra das Relações Exteriores, Margot Wallström, ficou feliz com essa transferência do Conselho para a Suécia, um país membro não permanente, mas "onde persiste uma longa tradição de prevenção e resolução pacífica de conflitos".
O embaixador sueco perante a ONU, Carl Skau, disse que estava "recriando um diálogo", "renovando uma dinâmica", com "humildade e paciência", uma semana depois dos bombardeios ocidentais contra o regime sírio.
"É importante para a credibilidade do Conselho", disse o diplomata a repórteres em Nova York.
O objetivo principal desta "retirada" não é o conflito sírio, embora devesse ocupar um lugar importante nas negociações porque dividiu profundamente os membros do Conselho durante meses. "Precisamos de novas ideias políticas para avançar", disse Skau.
'Sem muita esperança'
Os bombardeios realizados pelos Estados Unidos, França e Reino Unido em 14 de abril foram direcionados para três locais do programa de armas químicas do regime de Bashar al Asad, acusado do suposto ataque com gases tóxicos de 7 de abril na Duma, até então a última fortaleza rebelde perto de Damasco.
O regime de Assad e seu aliado russo negaram qualquer responsabilidade neste ataque que, segundo os socorristas, causou mais de 40 mortes. Mas para os ocidentais, o poder sírio ultrapassou a chamada "linha vermelha".
Esses ataques, decididos sem uma resolução do Conselho de Segurança, alimentaram as tensões que já existem com a Rússia, membro permanente junto aos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e China. Moscou usou seu veto no Conselho 12 vezes desde 2011.
Wallström advertiu na sexta-feira que "não deveríamos ter muitas esperanças de que todo o problema (sírio) será resolvido" durante o fim de semana sueco.
"Acima de tudo, precisamos ter tempo para falar sobre o papel do Conselho de Segurança e das Nações Unidas no conflito sírio", acrescentou.
Alguns países não membros criticam esta viagem à Suécia. Com os conflitos na mesa, incluindo a Síria, não é normal que o Conselho saia tão longe agora, denuncia um embaixador sob anonimato. "E se algo sério acontecer?", pergunta ele.