O Globo/LD
A epidemia de ebola na região nordeste da República Democrática do Congo provocou 100 mortes em menos de três semanas e mais de 700 desde que foi declarada em agosto do ano passado, informa o balanço atualizado do ministério da Saúde.
"Desde o começo da epidemia, o número de casos chega a 1.117, dos quais 1.051 confirmados e 66 prováveis. No total aconteceram 702 falecimentos (636 confirmados e 66 prováveis) e 339 pessoas curadas", afirma um comunicado divulgado pelo ministério.
O governo também investiga 295 casos suspeitos.
Esta é a 10ª epidemia de febre hemorrágica no país desde 1976 e a mais grave na história da doença desde a que matou mais de 10.000 pessoas na África ocidental (Guiné, Libéria, Serra Leoa) em 2014.
Pela primeira vez a população está vacinada em grande escala. Mais de 95.000 pessoas receberam uma dose de rVSV-Zebov dos laboratórios Merck, segundo ministério da Saúde. O governo afirma que a campanha salvou milhares de vidas.
Denúncias
O programa de vacinação contra a doença na República Democrática do Congo foi alvo de denúncias, no começo deste ano, porque agentes de saúde estariam condicionando o tratamento da doença para mulheres em troca de sexo . Pesquisas feitas por ONGs revelam que a desconfiança nos agentes de saúde no país e a violência de gênero aumentaram desde o surto de ebola em agosto de 2018.
O estudo foi apresentado em uma força-tarefa nacional em Beni, que tinha como objetivo pedir que a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitisse um alerta global sobre o surto da doença. A vacina experimental é descrita pela OMS como "muito eficiente" e a expectativa é de que ela consiga frear o contágio do ebola.
Um dos estudos citados mostra a crescente preocupação sobre pessoas que oferecem serviços relacionados ao tratamento do ebola, como a vacina, em troca de "favores" sexuais. O risco de exploração por parte dos trabalhadores de saúde foi mencionado por diversos grupos focais. A preocupação surgiu após a apresentação da pesquisa do Comitê Internacional de Resgate, realizada com mais de 30 grupos focais.
A organização diz que as afirmações ainda são preliminares. No documento, o Comitê diz que ainda está analisando a pesquisa e que vão buscar meios e trabalhar com parceiros para garantir que mulheres e crianças sejam protegidas.