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Os Estados Unidos registraram o primeiro caso de microcefalia associado ao Zika vírus. Relatório divulgado pelas autoridades de saúde nesta sexta-feira (26) revelou dados sobre o acompanhamento de nove mulheres que foram infectadas enquanto estavam grávidas. De acordo com o jornal Washington Post, além do caso da doença, duas das mulheres monitoradas escolheram abortar, duas sofreram abortos espontâneos, duas tiveram bebês saudáveis e duas ainda estão grávidas.
Seis das infectadas adquiriram Zika durante o primeiro trimestre da gravidez. Uma das mulheres que escolheram fazer o aborto espontâneo tinha 30 anos e havia contraído o vírus enquanto viajava por uma área com surto do mosquito. Quando ela estava na 20ª semana, um ultra-som identificou que o feto tinha anormalidades cerebrais graves. Os médicos também testaram o líquido amniótico e constataram a presença do Zika. Por isso, ela decidiu tirar o bebê.
Com relação aos abortos espontâneos, no entanto, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças disse que não é possível relacioná-los com certeza ao vírus. Um dos agentes destacou que de 10 a 20% de todas as mulheres grávidas sofrem abortos durante o primeiro trimestre.
O Centro disse, ainda, que, entre agosto do ano passado e 10 de fevereiro, recebeu mais de 257 pedidos de teste de Zika vírus de mulheres grávidas nos Estados Unidos. A grande maioria dos casos, 97%, apresentou resultados negativos para a doença. Atualmente, o país têm 147 casos relatados em 24 Estados e no Distrito Federal, a maioria deles está relacionada a pessoas que viajaram para áreas afetadas pelo vírus.
O relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças acrescenta uma outra dimensão aos esforços em curso por cientistas nos Estados Unidos e no exterior para responder a alguns dos muitos mistérios que cercam o Zika vírus. Um dos principais é determinar se — e como — o vírus está ligado a malformações congênitas, tais como microcefalia e uma desordem autoimune rara conhecida como síndrome de Guillain-Barré. Essas associações parecem estar crescendo mais ao longo do tempo.
"As evidências a cada semana se acumulam e vão ficando mais forte e mais fortes", disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, a legisladores em uma audiência no Senado na última semana.
O diretor do Centro, Tom Frieden, afirmou que os cientistas acreditam na associação entre o Zika e microcefalia. Mas há muita coisa que ainda não foi esclarecida, como o porquê de os riscos serem maiores em determinados momentos da gravidez e se existem outros fatores que podem influenciar a probabilidade de defeitos de nascimento. Ele disse que os pesquisadores têm realizado estudos para responder a algumas dessas perguntas no Brasil, onde o número de casos de microcefalia é mais elevado.
"Há muitas coisas que gostaríamos de saber e estamos trabalhando duro para descobrir", disse Frieden. "Esta é uma ocorrência extremamente incomum [...] Parte da comunidade científica está empenhada em descobrir as informações passo a passo, com cautela para não ir além do que os dados mostram."