O Globo/LD
Evo Morales deixou a Bolívia rumo ao México, na madrugada desta terça-feira, depois que o governo de Andrés Manuel López Obrador enviou um avião da Força Aérea para buscá-lo em Chimoré, no departamento (estado) de Cochabamba, onde ele estava desde domingo, quando anunciou sua renúncia sob pressão da oposição, policiais e militares. A informação foi confirmada pelo chanceler do México , Marcelo Ebrard, através do seu perfil do twitter. O governo mexicano ofereceu asilo para o presidente.
"O avião da Força Aérea Mexicana já decolou com Evo Morales a bordo. De acordo com as convenções internacionais atuais, está sob a proteção do México. Sua vida e integridade estão seguras", escreveu o ministro de Relações Exteriores.
No Twitter, o ex-presidente da Bolívia anunciou na noite de segunda-feira que estava deixando o país. Logo em seguida, o governo mexicano confirmou que ele embarcara no avião.
"Irmãs e irmãos, parto rumo ao México, agradecido pelo desprendimento do governo desse povo irmão que nos deu asilo para preservar nossa vida. Dói-me abandonar o país por razões políticas, mas sempre estarei ao seu lado. Logo voltarei com mais força e energia", escreveu Morales no Twitter.
Ebrard disse mais cedo que já havia informado o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia da concessão de asilo e que pedira um salvo conduto e "garantias de vida" para Morales. O chanceler também pediu à ONU proteção internacional para o ex-presidente. Morales havia denunciado a invasão e vandalização de sua casa em Cochabamba.
BOLSONARO
O presidente Jair Bolsonaro ironizou a decisão do México em conceder asilo político ao ex-presidente da Bolívia, Evo Morales. Em referência ao presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), disse que a esquerda "tomou conta de novo" daquele país.
— Lá a esquerda tomou conta de novo — disse Bolsonaro, ao ser questionado sobre o que achava do México ter concedido asilo a Morales. Em seguida, Bolsonaro completou: "Tem um bom país para ele (Morales): Cuba."
Obrador, eleito no ano passado, é o primeiro presidente de esquerda do México em décadas. Antes da concessão do asilo, o governo mexicano informou que reconhecia Morales como "presidente legítimo" da Bolívia, afirmando que sua renúncia se devia a um "golpe" dado pelo Exército, classificando como um grave retrocesso para a região.
A renúncia de Morales em pronunciamento pela TV, na tarde de domingo, deixou um vácuo de poder na Bolívia. As autoridades da cadeia sucessória, começando pelo vice-presidente Álvaro García Linera e pelos presidentes e vice-presidentes da Câmara e do Senado, todos integrantes do MAS (Movimento ao Socialismo) de Morales, também abandonaram seus cargos, levantando questionamentos sobre quem assumiria o poder.