Exame/PCS
A fome é um dos principais problemas da humanidade. Mas há muito tempo que o mito de 'não há comida para todos' foi quebrado. O que existe é uma má distribuição e a desigualdade de oportunidades e de acesso a uma alimentação digna.
Diante disso, o desperdício é um grande vilão. ONGs e ativistas lutam fortemente para mudar essa situação. E eles tiveram uma notícia positiva neste mês.
A França é o primeiro país a aprovar a lei que proíbe os supermercados de jogarem alimentos não vendidos no lixo.
Em vez disso, os estabelecimentos são obrigados a doá-los a alguma ONG ou banco de alimentos. Os supermercadistas que não assinarem o contrato de doação vão ter de pagar uma multa de mais de 3 mil euros.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a lei foi aprovada por unanimidade no senado francês e diz que os estabelecimentos comerciais não poderão se desfazer de alimentos que se aproximam da data de validade.
A regra reforça uma forte campanha apoiada por cidadãos e ativistas franceses que se opõem ao desperdício de alimentos e lutam pelo combate à pobreza.
O movimento, que foi iniciado por uma petição encaminhada pelo vereador Arash Derambarsh, teve um projeto de lei aprovado em dezembro, mas só foi validado neste mês.
Os ativistas esperam que, após a decisão da França, a comunidade da União Europeia aplique esta lei em todos os países.
Ela foi bem recebida pelos bancos de alimentos, que vão começar a procurar voluntários, meios de transporte e locais de armazenamento para as comidas que serão doadas.
Os supermercados serão impedidos também de tornar as comidas impróprias para o consumo deliberadamente. É comum que isso aconteça em comércios que não querem oferecer os alimentos para pessoas com necessidade de doação.
Segundo o Guardian, nos últimos anos, o número de sem-tetos e desempregados no país aumentou drasticamente e a maioria dessas pessoas comparecia aos supermercados à noite, para se alimentar.
Em entrevista ao jornal britânico, Jacques Bailet, diretor dos Banques Alimentaires, uma rede de bancos de alimentos franceses, descreveu a lei como " positiva e muito importante simbolicamente ":
"É muito importante, porque os supermercados serão obrigados a assinar um contrato de doação com instituições de caridade. Nós vamos ser capazes de aumentar a qualidade e a diversidade de alimentos que obtemos para distribuir. Em termos de equilíbrio nutricional, temos atualmente um déficit de carne e uma falta de frutas e legumes. Esperamos que possam nos permitir acesso a esses produtos."