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Um grupo com 87 empresas europeias pediu, em carta aberta, que o Brasil mantenha políticas de combate ao desmatamento ilegal para que elas mantenham as relações comerciais com produtores brasileiros. O documento - publicado em 3 de dezembro - mostra a preocupação das companhias com o futuro da Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão em áreas desmatadas da Amazônia após 2008.
Entre os signatários do pedido que reforça a importância da política de proteção estão a rede francesa Carrefour, a Associação Belga de Alimentos (BFA) e o Consórcio Britânico de Varejo (BRC).
A consultora de políticas de sustentabilidade do BRC, Leah Riley Brown, disse nesta quinta-feira (12) ao G1 que o aumento do desmatamento é uma preocupação tanto para empresários como para clientes do Reino Unido.
"Nossa intenção com a carta foi mostrar ao governo brasileiro que nós nos preocupamos com o desmatamento e acreditamos que a política aplicada pela Moratória da Soja tem sido efetiva há anos e deve continuar." - Leah Riley Brown, consultora do BRC.
Carta ao embaixador
O G1 teve acesso a outra correspondência, esta assinada exclusivamente pelo BRC e endereçada diretamente ao embaixador brasileiro em Londres, Fred Arruda, que pede explicações sobre as recentes movimentações para o fim da Moratória da Soja.
"Queremos continuar a comprar soja do Brasil, mas se a Moratória da Soja não for mantida, nossos negócios com o país podem estar em risco", disse a carta assinada por uma representante do BRC. "Nós queremos garantias de que o governo brasileiro vai manter a moratória da soja."
O grupo de empresas britânicas disse reconhecer os avanços no combate ao desmatamento que o Brasil teve nos últimos dez anos, mas se mostrou preocupado com o aumento recente nas taxas de desmatamento.
"Nossos membros estão comprometidos a eliminar o desmatamento das prateleiras e é isso que nossos clientes esperam de nós", disseram.
Em resposta, o ministério de Relações Exteriores disse que há um "comprometimento" do governo e da sociedade brasileira em "eliminar o desmatamento ilegal e promover uma rede de abastecimento sustentável."
A chancelaria brasileira citou o recente acordo da União Europeia com o Mercosul como uma "expressão clara do compromisso com uma produção responsável" e defendeu o Código Florestal como um mecanismo de proteção da Amazônia.
Moratória da Soja
No mês passado, produtores de soja do Brasil iniciaram um movimento que busca acabar com a Moratória da Soja na Amazônia, um acordo entre negociadores e indústrias que proíbe a compra do grão de áreas desmatadas na região após 2008.
Um grupo de agricultores defende que a Moratória da Soja desrespeita o direito do proprietário de terra de utilizar para a produção de alimentos 20% da área dentro da Amazônia. Por outro lado, empresas exportadoras dizem que a medida pode trazer riscos para as exportações
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já apresentou críticas sobre a Moratória da Soja, mas disse que essa discussão tem que ser feita pelo mercado.