VERSÃO DE IMPRESSÃO
Mundo
04/03/2019 15:08:22
Guaidó volta à Venezuela e discursa em Caracas: 'Vamos com tudo até conseguir a liberdade do nosso país'

G1/LD

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, voltou à Venezuela nesta segunda-feira (4), para participar das manifestações contra o governo de Nicolás Maduro.

Ele foi recebido por uma multidão no Aeroporto de Maiquetía, que atende a capital, e depois foi até uma praça onde era esperado por seus apoiadores.

"Vamos com tudo até conseguir a liberdade do nosso país", discursou, convocando uma nova mobilização para o próximo sábado (9).

O retorno do opositor de Maduro contraria ordem judicial que o proibia de deixar o seu país. Durante a última semana, ele se reuniu com os presidentes de Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador. Em sua fala em Caracas, Guaidó afirmou que seu passaporte ficou "intacto" ao voltar, apesar do descumprimento da ordem do tribunal controlado por Maduro.

Resumo

  • Guaidó voltou a Caracas nesta segunda em voo de Bogotá e foi recebido por uma multidão de apoiadores.

  • Ele não cumpriu uma proibição de sair da Venezuela, o que pode levar à sua prisão. No entanto, entrou sem problemas no país.

  • Em discurso, ele invocou novos protestos para o próximo sábado: "Vamos com tudo até conseguir a liberdade do nosso país".

  • Guaidó disse que tem amplo apoio entre militares (seriam 80%), apesar de só cerca de 700 terem desertado.

  • Ele disse que conversará nesta terça com sindicatos de funcionários públicos para conseguir mais apoio.

"Entramos na Venezuela como cidadãos livres, que ninguém nos diga o contrário. Já sentindo o sol de La Guaira, o brio da cidade que nos esperava aqui", escreveu também no Twitter. O autoproclamado presidente interino agradeceu a ajuda dos países vizinhos e pediu que os apoiadores não cedam à desesperança. "Hoje a Venezuela insiste em avançar", disse. Deserções

Guaidó destacou que 700 militares desertaram das forças armadas e que "cínicos" dizem que é pouco, mas afirma que muitos mais devem desertar. Ele diz que 80% dos militares apoiariam a saída de Maduro e uma transição à democracia, segundo conversas que teve.

O presidente autodeclarado também lembrou das centenas de milhares de pessoas que deixaram o país. “Não haverá normalidade até que recuperemos o abraço em família, até que retorne o povo que se foi, sentimos falta dos migrantes, os abraçamos na Colômbia, no Brasil, na Argentina e no Equador”.

No domingo (3), Guaidó disse ter dado instruções para aliados internacionais caso seja preso.

“Se o usurpador (Maduro) e seus cúmplices ousarem tentar me deter, será um dos últimos erros que estarão cometendo. Deixamos um caminho claro, com instruções claras a serem seguidas por nossos aliados internacionais e irmãos parlamentares. Estamos muito mais fortes do que nunca e não é hora de fraquejar”, afirmou.

Maduro desafiado

O retorno de Guaidó, que na semana passada também visitou Colômbia, Brasil, Paraguai e Argentina, representa um desafio para Nicolás Maduro, que terá de decidir se vai mandar prendê-lo e provocar uma forte reação internacional, ou deixá-lo ficar no país com tranquilidade, minando a autoridade do Poder Judiciário.

"O desafio chegou longe demais. Se entrar e o prenderem, vão gerar fortes reações internas e internacionais. Maduro está em risco permanente", assegurou à AFP o analista político Luis Salamanca.

O autoproclamado presidente interino da Venezuela é reconhecido por mais de 50 países como presidente da Venezuela, e saiu do país no dia 23 de fevereiro, para capitanear uma tentativa – frustrada – de envio de ajuda humanitária ao país a partir da fronteira com a Colômbia. Em seguida, partiu para um giro pelo exterior em busca de apoio à oposição ao governo de Maduro.

"Sou um humilde funcionário público, nós nos deslocamos para a fronteira com milhares de voluntários, juntamente com os deputados da Assembleia, para conseguir ajuda humanitária. O regime não pode parar as pessoas na rua", disse nesta segunda, em Caracas.

O vice-presidente americano Mike Pence postou no Twitter nesta segunda que o retorno seguro do opositor de Maduro à Venezuela é da "mais alta importância" para os EUA e ameaçou com "rápida resposta" se houver qualquer tipo de ameaça ou intimidação contra ele.