O Globo/LD
Os pais do bebê britânico Charlie Gard decidiram que ele deverá morrer no hospital e não em casa, como desejavam anteriormente. Connie Yates, mãe de Charlie, retornou ao Tribunal Superior de Londres nesta quarta-feira para solicitar uma equipe médica mantenha seu filho vivo ao menos por uma semana, em vez de algumas horas. Connie quer também escolher o time que cuidará do bebê.
Esses pedidos indicam que os pais não pretendem mais levar Charlie para casa para ter "alguns dias de tranquilidade", como haviam anunciado. O Great Ormond Street Hospital, onde o bebê está internado, disse que não havia possibilidade de transferir o equipamento de ventilação que mantém o menino vivo para a casa da família.
Depois de meses de batalha judicial, em que discutia-se a possibilidade de o bebê ir aos Estados Unidos para um tratamento experimental, os pais de Charlie desistiram do processo.
DOENÇA RARA
Desde que Charlie foi internado no Great Ormond Street, o casal quase não fica no apartamento da família, em Bedfont, no sudoeste de Londres. Eles montaram uma vigília ao lado da cama do menino, onde passam dia e noite. Charlie nasceu como uma criança saudável, mas com cerca de dois meses, começou a perder peso. Em outubro, foi diagnosticado com síndrome de depleção do DNA mitocondrial relacionada ao gene RRM2B, e desde então está internado na unidade de terapia intensiva, e é mantido vivo por um respirador.
A Alta Corte de Londres começou a analisar o caso em março e, no mês seguinte, decidiu que os equipamentos deveriam ser desligados. Os pais apelaram para a Suprema Corte, que manteve a decisão. A Corte Europeia de Direitos Humanos também ratificou a posição da corte britânica.
O caso repercutiu internacionalmente, com o Papa Francisco e o presidente dos EUA, Donald Trump, manifestando-se publicamente em favor dos pais.
Os familiares conseguiram levar para o Reino Unido o médico americano Michio Hirano, que trabalha no desenvolvimento de um novo tratamento para a doença. Ele chegou a avaliar a situação de Charlie, mas considerou não haver mais possibilidades para o bebê após ver o resultado de exames de ressonância magnética que mostravam danos musculares irreversíveis.
— Charlie aguardou pacientemente por tratamento. Por causa dos atrasos, a janela de oportunidade foi perdida — disse o advogado da família, Grant Armstrong.