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O jornal venezuelano Panorama anunciou nesta segunda-feira (13) que sua versão impressa deixará de circular depois de mais de um século devido à falta de papel. O diário era o único veículo impresso restante do estado de Zulia, no noroeste do país.
"Esgotado nosso inventário de papel, a edição impressa do Panorama diz até breve aos seus fiéis leitores. Nossa tarefa de informar continuará com a mesma responsabilidade e dedicação no nosso site", informou o jornal na sua primeira página.
Fundado em dezembro de 1914, o diário afirmou ainda que publicará na sua última edição nesta terça-feira um especial de despedida. Ele se junta a uma lista de diários e revistas venezuelanas que deixaram de circular devido à escassez de papel.
Com o fim da circulação do Panomara, Zulia perdeu seu último jornal impresso. Esse é o quarto estado venezuelano nesta situação.
Na Venezuela, a estatal Complexo Editorial Alfredo Maneiro (CEAM) detém o monopólio da venda de papel para a imprensa. Em dezembro de 2018, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) denunciou a monopolização do papel promovida pelo governo de Nicolás Maduro e afirmou que a censura do regime levou o fim da circulação da edição impressa do jornal El Nacional, crítico do governo.
Desde 2013, a Venezuela já perdeu 67 jornais e revistas. "Há 15 anos, a Venezuela tinha cerca de 110 veículos impressos e atualmente há apenas 30 em todo o país", afirmou Mariengracia Chirinos, da ONG Instituto de Imprensa e Sociedade.
Em 2013, o governo Maduro modificou as condições de controle cambial e retirou o papel para a imprensa dos setores prioritários que têm acesso a dólares com a taxa oficial. Soma-se a mudança a crise econômica que atinge o país.
Desde 2018, a Venezuela enfrenta uma hiperinflação. O país sofre ainda com a escassez de alimentos, produtos básicos e medicamentos. A crise já levou milhares de venezuelanos a deixarem o país.