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O aquecimento global deve levar o planeta a passar uma marca preocupante neste ano: o aumento médio de 1°C na temperatura média da superfície do planeta, em relação aos níveis do século 18, anteriores à Revolução Industrial.
A má notícia foi divulgada nesta segunda-feira (9) pelo Escritório Meteorológico do Reino Unido, o Met Office, uma das principais instituições de pesquisa dedicadas a compreender a mudança climática.
Ao cruzar o limite de 1°C, o planeta chega à metade da trajetória para um aquecimento de 2°C, considerado "perigoso" por climatologistas. Negociadores de 190 países se reúnem na cúpula do clima da ONU em Paris (COP 21), em dezembro, para discutir como deter o aumento.
Cientistas afirmam que o aumento substancial de temperatura registrado ocorrerá em parte em razão do El Niño, o afloramento de águas quentes no Pacífico, apesar de a maior parte do fenômeno ser atribuível ao calor extra gerado pelo agravamento do efeito estufa.
"Tivemos eventos naturais similares no passado, mas essa é a primeira vez que estamos em vias de bater a marca de 1°C", afirmou Stephen Belcher, diretor do Centro Hadley de Pesquisas, ligado ao Met Office. "É um sinal claro de que é a influência humana que está levando o clima moderno a uma zona inexplorada."
O objetivo da cúpula de Paris será o de delinear uma política de redução nas emissões de outros gases do efeito estufa para evitar que o planeta atinja os 2°C excedentes antes de 2100.
Concentração de CO2
Ao mesmo tempo em que o planeta se aproxima do 1°C extra, a concentração de CO2, o gás-estufa mais abundante, também deve atingir em breve uma marca simbólica: a dos 400 ppm (partes por milhão) na atmosfera.
Segundo dados da OMM (Organização Meteorológica Mundial), o teor médio de gás carbônico na atmosfera foi de 397,7 ppm em 2014, e continua em tendência de ascensão.
Durante alguns dias no começo de 2014 e no começo de 2014, a concentração de CO2 no hemisfério norte já ultrapassou os 400 ppm. Em breve a média planetária deve atingir esse patamar como nível médio, estima a organização.
1, 2 e 3 graus
Como o tempo de permanência do CO2 na atmosfera é da escala de séculos, é improvável que seja possível reduzir a força do efeito estufa em poucos anos, afirma o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. Só uma redução drástica nas emissões é capaz de impedir os 2°C, explicou.
"Todos os anos, vemos que o tempo está se esgotando", afirmou. "Precisamos agir agora para reduzir as emissões de gases-estufa se quisermos ter uma chance de manter o aumento de temperaturas a um nível manejável."
Segundo a ONU, as propostas que os países estão levando a Paris não representam nem metade do esforço que seria necessário para deter os 2°C. O pessimismo com relação ao futuro do clima, porém, não deveria deter os esforços, disse Jarraud.
"Um aumento de dois graus será ruim o suficiente, mas será melhor do que três", declarou. "É claro que teria sido melhor ter um aumento de um grau... mas agora não é mais possível. Não é viável. Tarde demais."
Apesar de um aumento de 2°C parecer pouco no contexto do dia a dia, a perturbação climática causada por esse acréscimo causaria elevação perigosa do nível do mar e um aumento na severidade de secas e tempestades, entre outros efeitos.