Mundo
05/07/2014 11:45:03
Surto de Ebola está "fora de controle" em partes da África, alerta MSF
Com o aumento exponencial no número de casos de Ebola na África Ocidental, a organização médica internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta para o risco de uma epidemia regional.
BBC Brasil/PCS
"O\n surto está fora de controle, afirmou à BBC Brasil Mariano Lugli, diretor de\n operações do MSF na Suíça.\n \n A equipe\n de Lugli lidera a assistência humanitária na região desde fevereiro. Com cerca\n de 300 profissionais em campo, a organização já atendeu cerca de 500 pacientes\n e está no limite de sua capacidade operacional.\n \n Em quatro\n meses, o surto de Ebola que surgiu em Guiné já se espalhou para dois países\n vizinhos, Libéria e Serra Leoa.\n \n "Há\n um movimento constante e intenso de pessoas cruzando fronteiras nesta região e\n os casos estão se espalhando rapidamente para mais províncias e países",\n explicou Lugli.\n \n A doença\n já se alastrou para mais de 60 localidades diferentes na África Ocidental e\n ainda não atingiu seu pico.\n \n "Em\n geral, isso deveria ter acontecido entre dois e cinco meses, mas é impossível\n prever especialmente porque agora há uma variante do vírus que causa febre\n hemorrágica e é muito perigosa", afirmou Lugli.\n \n Até\n agora, 759 pessoas foram infectadas pelo vírus e 468 morreram. Segundo a\n Organização Mundial de Saúde (OMS), este é o maior surto de Ebola já registrado\n na história.\n \n O vírus\n mata cerca de 90% das pessoas infectadas e o contágio acontece por contato\n direto com fluidos corporais, como sangue e secreções, de uma pessoa infectada.\n Não há vacina ou cura para a doença.\n \n Plano de ação\n \n No início\n desta semana, a OMS realizou uma reunião de emergência sobre o surto. Ministros\n de 11 países africanos se reuniram em Acra, Gana, para discutir como controlar\n o surto de Ebola.\n \n No\n encontro, as autoridades concordaram em ampliar a coordenação e monitoramento\n da doença, com foco nas regiões fronteiriças. Para isso, a OMS anunciou a\n criação de um centro regional de apoio técnico em Guiné.\n \n No\n entanto, a organização ainda não prescreve nenhum tipo de restrição a viagens\n para a África Ocidental ou entre países da região. Segundo a OMS, o risco de\n disseminação da doença é considerado alto nos países fronteiriços, moderado no\n restante do continente africano e baixo no restante do mundo.\n \n "Agora\n a comunidade internacional reconheceu o problema e todo mundo entende a\n necessidade de coordenação, mas é preciso ver como isso se traduzirá em\n ação", afirmou Lugli.\n \n Apoio local e internacional\n \n Mobilizar\n líderes comunitários, religiosos e políticos para ampliar o conhecimento sobre\n a doença também foi outro destaque do plano da OMS.\n \n "A\n coisa mais importante agora é sensibilizar a população e os agentes de saúde\n locais, além da maior coordenação entre as autoridades regionais para controle\n e supervisão de casos em aeroportos e portos", disse Lugli.\n \n Há quatro\n meses, ele esteve em Guékédou, na fronteira de Guiné com a Libéria, quando\n foram registrados os primeiros casos.\n \n "As\n pessoas estavam com muito medo e os médicos locais não conheciam a\n doença", explicou.\n \n Na\n região, é comum o uso de medicina popular e curandeiros. Médicos têm pouca\n experiência em lidar com isolamento a única alternativa de tratamento para o\n Ebola.\n \n "Os\n pacientes que sobrevivem são aqueles que naturalmente desenvolvem anticorpos\n contra o vírus, mas para isso é preciso tempo e isolamento", explicou\n Lugli.\n \n Estima-se\n que cada pessoa contaminada mantenha contato com ao menos outros 20 indivíduos,\n que também devem ser isolados e monitorados para controle do Ebola. Outro\n agravante comum é o descuido no manuseio de corpos de vítimas da doença.\n \n Atualmente,\n o MSF é a única organização internacional humanitária atendendo vítimas do\n Ebola na África Ocidental.\n \n "Estamos\n no nosso limite. É urgente que mais atores internacionais competentes também\n apoiem na resposta ao surto", afirmou Lugli.\n \n \n