Os\n donos da Telexfree prejudicaram as pessoas que colocaram dinheiro no \n negócio e há indícios de que se envolveram em fraude, desonestidade e \n condutas criminais na gestão da empresa. A acusação foi feita por um \n órgão ligado ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. \n Acusada de ser uma pirâmide bilionária disfarçada de venda de telefonia \n VoIP, a Telexfree pediu recuperação judicial à Justiça americana às \n vésperas de ter as contas bloqueadas a pedido da Securities and Exchange\n Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana). Seus \n representantes argumentam que a medida permitiria a Telexfree voltar a \n operar. \n O U.S. Trustee, divisão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos \n que a acompanha recuperações, considerou entretanto que há “provas \n convincentes de fraude, desonestidade e grave má-gestão dos negócios” do\n grupo Telexfree, segundo um documento entregue à Justiça. \n “Há razões suficientes para suspeitar que os membros do conselho diretor\n (...) participaram em fraude, desonestidade e condutas criminais na \n administração da Telexfree”, diz o texto. \n Por este motivo, o U.S. Trustee pediu para nomear um curador para o \n processo de recuperação da empresa, tirando o controle das mãos dos \n atuais membros do conselho diretor da empresa, Carlos Wanzeler e James \n Matthew Merrill. A medida seria benéfica, inclusive, para quem investiu \n dinheiro no negócio, argumenta a entidade. \n Professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Business \n School São Paulo (BSP) e com doutorado sobre fraudes financeiras, Ana \n Paula Paulino da Costa afirma que pedidos de falência são comuns nesses \n casos. \n "Em todos os casos em que eu estudei isso aconteceu. Começam a repassar \n [recursos] para os sócios, ou para familiares, e em geral espalham em \n várias empresas, inclusive offshores [empresas localizadas no exterior],\n o que dificulta rastrear esse dinheiro", explica a professora. \n \n Diretores são acusados de tentar esconder dinheiro\n Antes de pedir recuperação judicial, e mesmo logo depois, os \n responsáveis pela Telexfree tentaram desviar recursos da empresa, \n segundo documentos da Justiça americana consultados pelo iG. \n Em 11 de abril, dois dias antes de o pedido de recuperação ser \n apresentado, um dos donos do negócio – o americano James Matthew Merrill\n – e a mulher do outro sócio – o brasileiro Carlos Wanzeler – saíram de \n uma agência bancária com US$ 25 milhões, ou R$ 56 milhões em câmbio \n atual, em cheques da empresa. \n Dois dias depois (em 15 de abril), durante uma batida policial na sede \n da empresa, autoridades americanas apreenderam dez cheques na bolsa de \n um dos representantes da Telexfree. Um deles, no valor de US$ 2 milhões,\n ou R$ 4,5 milhões, era destinado à mulher de Wanzeler. Não está claro \n se o cheque faz parte daqueles retirados no dia 11. \n Como o iG mostrou, uma familiar de outro dos envolvidos no negócio – o \n brasileiro Carlos Roberto Costa – aparece como um dos principais \n credores da Telexfree no processo de recuperação judicial, com R$ 3 \n milhões a receber. \n rocurados, os representantes da Telexfree não responderam ao e-mail \n enviado pelo iG. Em release, a empresa afirmou que os dez cheques \n apreendidos tinham objetivo de proteger fundos da companhia, e negou \n qualquer irregularidade.