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Imagens registradas por um drone mostram mais um cenário devastador causado pelo fogo que tem destruído o Pantanal. Uma ponte de madeira, que passava pelo Rio Negro, na região da Estrada Parque Pantanal, em Corumbá (MS), desapareceu após ser atingida pelos incêndios na região.
Os registros foram capturados, respectivamente, em abril de 2023 e junho de 2024, pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP). Na primeira imagem é possível ver a ponte intacta e a vastidão da flora do bioma ao redor. Já em junho de 2024, o cenário é completamente diferente, já sem a estrutura de madeira, que foi totalmente consumida pelas chamas.
Ao g1, o biólogo do IHP, Wener Hugo Moreno, esclarece que a ponte do Rio Negro é registrada com frequência para representar os ciclos do bioma na região. Pelas imagens, é possível ver que a vegetação que era verde ficou cinza devido às queimadas.
“Com as imagens da ponte, temos o intuito de realizar registros ao longo do tempo para observar os ciclos do Pantanal naquela região. A ponte representa um local importante em termos de registro e de estudo, que a gente tinha como princípio que sempre estaria ali. Agora em 2024 ela deixou de existir”.
Mais de 700 mil hectares foram consumidos pelo fogo neste ano no bioma, que abrange os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ (LASA). A área destruída é seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro. O 1º semestre de 2024 é o pior de toda série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Na semana passada, o estado de Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência nas cidades atingidas pelos incêndios.
Segundo o IHP, a ponte, que fica localizada na região da Nhecolândia, é um ponto de referência para o monitoramento do programa Cabeceiras do Pantanal, mantido pelo Instituto Homem Pantaneiro. O projeto tem como objetivo promover a conservação, preservação e gestão sustentável das áreas de nascentes e Áreas de Preservação Permanente (APPs) do planalto da Bacia do Alto Paraguai.
Fogo devastador antes do previsto
O primeiro semestre de 2024 foi o mais devastador para o Pantanal em toda a série histórica de registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nos primeiros seis meses, 3.538 focos de incêndio consumiram 700 mil hectares no bioma, uma área quase seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.
Os incêndios mais recentes que começaram em 14 pontos já se espalharam para menos outras 100 propriedades rurais, segundo análise do promotor de justiça do Meio Ambiente Luicano Loubet. A investigação vai a campo apurar se os incêndios foram criminosos ou não.
Até então, 2020 tinha registrado o pior 1º semestre da série histórica, com 2.534 focos de incêndio. Já os números deste ano superam em quase 40% o acumulado nos seis meses do ano recorde de queimadas no bioma.
Historicamente, a temporada de fogo no Pantanal começa entre o fim de julho e o começo de agosto, momento mais seco do inverno. Entretanto, o período foi antecipado devido à longa estiagem enfrentada pelo bioma e às mudanças climáticas, segundo especialistas.
Animais carbonizados e um cenário cinza tomam conta da da região pantaneira de Mato Grosso do Sul. Uma das imagens mostra um jacaré carbonizado.
Neste momento, forças estaduais e federais e trabalhadores de ONGs atuam no combate aos incêndios no Pantanal. Marinha, Exército, Corpo de Bombeiros, brigadistas voluntários, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros combatentes estão em atuação contra às chamas.