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Polícia
14/02/2013 09:00:00
Polícia Federal investiga a "Máfia dos cartões" em reserva indígena de Dourados
A Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) abriram inquérito para apurar suposta “Máfia dos Cartões” que pertencem a índios de Dourados e estariam em poder de comerciantes.

Correio do Estado/LD

\n \n A Polícia Federal (PF) e Ministério\n Público Federal (MPF) abriram inquérito para apurar suposta “Máfia\n dos Cartões” que pertencem a índios de Dourados e estariam em poder de\n comerciantes. Segundo denúncia, proprietários de alguns mercados e mercearias\n dentro e fora da Reserva de Dourados estariam retendo cartões de aposentadoria\n e Bolsa Família para liberarem compras.\n \n A\n prática já é tão comum que é rotineira a entrada de vans e microônibus de\n comerciantes que buscam indígenas para efetuarem suas compras em seus estabelecimentos.\n Além de ficar refém desses empresários, já que segundo denúncia, as famílias\n são obrigadas a comprar apenas nestes locais, há denuncia de que os índios\n pagam todo o salário por pouca comida. \n \n De\n acordo com lideranças das aldeias Jaguapirú e Bororó, os comerciantes\n denunciados seriam do ramo alimentício e vestuário. Eles estariam espalhados\n pela Reserva e bairros de Dourados. De acordo com lideranças dos indígenas, o\n fato é que a maioria das famílias, com pouca instrução, são facilmente exploradas.\n Segundo eles, os índios se tornam presas fáceis para golpistas que se\n aproveitam da fragilidade das vítimas para os negócios e práticas comerciais.\n Os cartões bancários de aposentados, pensionistas ou beneficiários de programas\n do governo federal como o Bolsa Família, seriam utilizados para garantir o\n pagamento de compras.\n \n Segundo\n ainda as lideranças, o comerciante vende a prazo para o indígena, mas retém o\n cartão dele e no dia do pagamento do benefício o próprio comerciante ou um\n funcionário do estabelecimento vai até o caixa eletrônico e faz o saque da\n conta do indígena. Em outras situações há denúncias de que no dia de receber o\n pagamento os comerciantes levam grupos de indígenas para o interior dos bancos\n para sacarem o benefício. O dinheiro recebido serve para quitar a dívida junto\n ao comércio, que abre novo “crédito” para as compras do mês seguinte.\n \n A\n prática, realizada sem nenhuma fiscalização, abre margem para verdadeiros\n “roubos”, já que alguns indígenas não sabem quais foram o valores sacados e se\n estas quantias são, de fato, o que eles tinham consumido nos estabelecimentos.\n \n De\n acordo ainda com as lideranças, a retenção do cartão, por parte de\n comerciantes, gera o que eles chamam de “escravidão financeira” do indígena, já\n que ele sempre vai permanecer endividado naquele estabelecimento e\n conseqüentemente perde a liberdade de procurar atendimento em outras mercearias\n e buscar melhores preços. O Ministério Público Federal diz que tem dois\n inquéritos em aberto no estado; um em Campo Grande e outro em Dourados. Já a\n Polícia Federal inicia o processo de ouvir testemunhas e suspeitos. Há\n informação de que alguns comerciantes já estão sendo indiciados. Em 2001 mais\n de 1 mil cartões foram retirados de comerciantes e devolvidos a índios. O\n comerciante flagrado pode responder por crime de estelionato e prisão.\n \n \n \n \n