CGN/LD
Perto de completar um ano, a lei federal que obriga todas as delegacias de atendimento exclusivo à mulher a funcionarem 24 horas e não fechar em finais de semana e feriados, ainda não é cumprida em Mato Grosso do Sul. Apenas a unidade da Capital a respeita.
A Polícia Civil do Estado admitiu nesta segunda-feira (11), por meio da assessoria de imprensa, que está em fase adequação para cumprir a legislação. Questionada se há previsão para isso, informou que não.
As sul-mato-grossenses têm 13 delegacias, no total, disponíveis para denunciarem casos de violência e pedirem medidas protetivas. Elas estão em Aquidauana, Bataguassu, Campo Grande, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
A única que funciona 24 horas é a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), localizada dentro da Casa da Mulher Brasileira. As demais são chamadas de DAM (Delegacia e Atendimento à Mulher) e ficam abertas somente entre 7h30 e 17h30, de segunda a sexta-feira.
Como medida para levar atendimento em cidades que não possuem delegacias dedicadas à mulher, a Polícia Civil acrescenta que foram criadas 36 "salas lilás" no interior de Mato Grosso do Sul até o momento. Elas têm estrutura insuficiente em comparação a uma unidade exclusiva.
Levantamento nacional - A Veja publicou ontem (10) levantamento nacional que inclui Mato Grosso do Sul como um dos oito estados que não têm delegacias para mulheres cumprindo a lei. A Polícia Civil contesta a colocação com a informação enviada ao Campo Grande News.
Apenas o Rio de Janeiro e o Distrito Federal mantêm todas as delegacias da mulher em regime integral, ainda segundo o levantamento. Aparecem ao lado de Mato Grosso do Sul, os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Amapá e Mato Grosso.
Estatísticas - Com 72 vítimas de feminicídio nos últimos dois anos, Mato Grosso do Sul é o quarto estado do Brasil onde mais há feminicídios, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados na semana passada. O crime é uma qualificadora do homicídio doloso e foi inserido no Código Penal em 2015.
Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), desde a tipificação da lei foram 291 mulheres foram mortas no Estado.