Polícia
20/01/2013 11:25:08
Cartões telefônicos encobriram fraude no Cruzeiro do Sul, diz PF
Com R$ 28,3 milhões dá para comprar 566.821 cartões telefônicos de R$ 50. Se você tiver sorte de pegar uma promoção de R$ 0,05 o minuto, poderá falar por 9,5 milhões de horas.
Folha/HJ
\n \n Com\n R$ 28,3 milhões dá para comprar 566.821 cartões telefônicos de R$ 50. Se você\n tiver sorte de pegar uma promoção de R$ 0,05 o minuto, poderá falar por 9,5\n milhões de horas. Ou 393 mil dias, que correspondem a 1.076 anos. Distribua os\n cartões a duas pessoas e eles poderiam falar ao telefone desde o descobrimento\n do Brasil até hoje. \n \n Absurdo?\n \n \n O\n Banco Cruzeiro do Sul registrou a compra dessa montanha de cartões, usados para\n recarga de celular pré-pago, mas ninguém falou um minuto, segundo investigação\n da Polícia Federal. \n \n A\n compra foi simulada para desviar R$ 28,3 milhões do caixa do banco, de acordo\n com a denúncia da procuradora Karen Louise Khan. \n \n O\n truque para que os cartões virassem dinheiro desviado era simples, ainda de\n acordo com a polícia: os donos do Cruzeiro do Sul, a família Indio da Costa,\n também tinha o controle da empresa que vendia os cartões ao banco, a Vox\n Distribuidora de Cartões Telefônicos. \n \n Dito\n de um jeito mais simples: o dinheiro saía do banco dos Indio da Costa e ia para\n uma empresa controlada pela mesma família. Como o banco estava quebrado, o\n dinheiro desviado saía da conta dos clientes. \n \n O\n advogado de Luis Felippe e Luis Octavio, Roberto Podval, diz que vai provar a\n inocência de seus clientes na Justiça, mas não quis comentar as acusações sobre\n os cartões telefônicos. \n \n ENTENDA O CASO \n \n O\n Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do Banco Central em junho do ano passado.\n Fraudes e desvios deixaram um rombo de R$ 3,1 bilhões, de acordo com números\n levantados pelo BC e pelo Fundo Garantidor de Crédito. \n \n O\n caso dos cartões mostra como podem ocorrer desvios em bancos por métodos pouco\n criativos ou sem nenhuma sofisticação, de acordo com policiais ouvidos pela\n Folha. \n \n Em\n setembro de 2010, o banco e a Vox firmaram um contrato pelo qual o Cruzeiro do\n Sul decidiu comprar 25.500 cartões pré-pagos. \n \n Depoimento\n à Polícia Federal de um funcionário da tesouraria, Alessandro Gonçalves de\n Oliveira, revelou que só 2.100 cartões foram entregues. "(...) a suposta\n aquisição de cartões telefônicos pré-pagos, na prática, jamais existiu",\n escreveu a procuradora na denúncia apresentada em dezembro. \n \n Mesmo\n sem a entrega dos cartões, o banco usava esse contrato com a Vox para fazer\n retiradas semanais de R$ 250 mil da tesouraria do banco em dinheiro vivo. \n \n Os\n saques não eram registrados na contabilidade oficial, mas no caixa-dois do\n banco, segundo a denúncia. \n \n O\n dinheiro era entregue para Luis Felippe Indio da Costa e Luis Octavio Indio da\n Costa, os donos do banco, e diretores, segundo a procuradora. Os pagamentos à\n Vox também eram do tipo vai-e-volta, segundo a testemunha José Alfredo Lattaro:\n "Os recursos enviados à Vox voltavam em espécie para o banco em\n malotes". Segundo ele, os valores eram guardados no cofre, sem\n contabilidade. \n \n \n \n \n