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A Polícia Civil prendeu o médico cirurgião João Batista de Couto Neto, de 46 anos, em Caçapava, no interior de São Paulo. Ele é investigado por dezenas de denúncias de negligências e mutilações, que teriam provocado a morte de pelo menos 42 pacientes em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
O registro dele chegou a ser suspenso, mas esse prazo venceu em outubro passado, quando ele fez um novo registro no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e passou a atuar no interior paulista.
Na quarta-feira (13), a Justiça do Rio Grande do Sul expediu um mandado de prisão contra o médico, que foi cumprido na noite de quinta-feira (14). Ao jornal “O Globo”, o advogado Brunno de Lia Pires, que defende o médico, disse que vai recorrer.
“Com surpresa a defesa recebeu a notícia da decretação da prisão preventiva do médico João Batista. A decisão não se reveste de qualquer fundamento fático ou jurídico e constitui clara antecipação de pena, com a finalidade de coagir e constranger o médico”, disse o defensor, que ressaltou que pedirá o habeas corpus “o mais breve possível”.
Investigações que corriam na Delegacia de Novo Hamburgo, a respeito de mortes de 42 pacientes e lesões corporais contra outros 114, resultaram no indiciamento de Couto Neto pelo crime de homicídio doloso, quando há a intenção de matar. Assim, ele teve o registro suspenso, mas aproveitou o fim do prazo para solicitar um novo em São Paulo e retomou as atividades profissionais.
Procurado, o Cremesp disse que sabia que o profissional havia enfrentado uma suspensão de licença, mas que “era obrigado a efetuar o registro do médico”, já que a restrição era parcial.
Negligência e mutilações
Couto Neto é formado em Medicina pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL) e graduado em Cirurgia Geral, em 2003, pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre. Ele tem várias especializações ao longo da carreira em cirurgia do aparelho digestivo, videocirurgia, entre outros.
Nas suas redes sociais, onde era seguido por mais de 15 mil pessoas, ele dizia que, em 19 anos de profissão, tinha feito mais de 25 mil cirurgias, uma média de 1,3 mil por ano. Depois que as denúncias contra ele começaram a repercutir, ele apagou os perfis.
No dia 12 de dezembro do ano passado, a Justiça decidiu que ele deveria ter o registro suspenso por 180 dias, em função das dezenas de denúncias de negligência e mutilação de pacientes, sendo que o número de mortes causadas pelas ações chegariam a 42.
Porém, depois que o prazo de suspensão do registro profissional venceu, ele decidiu se mudar para São Paulo, onde solicitou o novo registro e voltou a atuar. Até ser alvo de um mandado de prisão, que agora foi cumprido.