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Ex-miner campo-grandense alega que a Minerworld, empresa investigada pela formação de pirâmide financeira por meio da suposta mineração de Bitcoins (criptomoeda), tenta esconder uma conta com R$ 547.936.704,43. Vítima do esquema, ele, que trabalha como empreendedor, foi lesado em mais de R$ 50 mil e alega que a mineradora tem agido de má fé, induzindo a Justiça ao erro. No entanto, o advogado Rafael Lopes Echeverria defende que a Minerworld não é dona destes valores milionários e justifica que sequer tem vínculo com a conta em questão.
A vítima processou a empresa e apontou que seus representantes tentam esconder dados e informações, não liberando acesso às corretoras (Exchange) e às carteiras eletrônicas (wallet), mesmo podendo fazê-lo. Segundo o ex-miner, Rafael teria afirmado em audiência realizada no dia 24 de janeiro de 2019 não possuir dados necessários para acessar a carteira de número “2.4.5”, onde estariam depositadas as Bitcoins que valem mais de R$ 500 milhões. “[…] valores que com grande certeza não pertencem à somente uma pessoa, ou às empresas-rés, e sim às todas as pessoas lesadas pelas práticas ilícitas perpetradas”, afirma o empreendedor em documento enviado ao juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, responsável pela Ação Civil Coletiva.
Ele afirma, no entanto, que o acesso às contas e às moedas digitais pode ser feito de qualquer lugar, basta que seja solicitado para cada corretora (Exchange) o envio de uma nova senha que permitirá o acesso ao computador que se quer, independentemente de possuir ou não bloqueio de segurança.
“Por outro lado o acesso às carteiras digitais e às suas moedas não necessitam de um hardware para armazená-las, bastando possuir palavras-chaves (SEED) ou código alfanumérico (private-key) da respectiva carteira para acesso e movimentações. Com as palavras-chaves ou com o código alfanumérico em mãos a pessoa possuirá acesso e controle total de todas as moedas daquela carteira, podendo por consequência transferi-las à quem quiser – se a outra pessoa também possuir uma carteira digital”, alega o empreender em documento assinado por seu defensor legal.
O empreendedor afirma ainda que, neste sentido, os representantes da Minerworld tentam realizar “uma manobra ardilosa”, mentindo acerca da impossibilidade de acesso a carteira “2.4.5” para que em momento oportuno possam transferir toda a quantia à outrem e ficar com todo o dinheiro para si. Por isso, pede que a Justiça obrigue a empresa a fazer a transferência do dinheiro para uma conta adequada, sob pena de multa.
“Todos esses acontecimentos estão de forma nítida caracterizando lavagem de dinheiro e crime contra a ordem financeira, prejudicando milhares de pessoas que estão com altos valores em mãos das empresas-rés, sem possuir qualquer previsão de tê-los de volta algum dia”.
O outro lado
O advogado de defesa da Minerworld, por sua vez, sustenta que todas estas alegações são equivocadas, já que em momento alguma mineradora tentou esconder a referida conta, já que nem é dona da mesa. “Isso,inclusive, consta na ata de audiência”, explicou. Rafael relatou à reportagem que, durante as investigações, o Ministério Público Estadual encontrou em um dos computadores da empresa um print de tela da conta com as cifras milionárias.
“Não é porque foi encontrado, que significa que seja da Minerworld. Aquela é uma conta pública que pertence a outra pessoa que não tem ligação. Tanto que é possível consultar essa conta e ver que já não há mais saldo nenhum nela. Os valores teriam sido removidos muito antes das investigações começarem”, explicou ele, reforçando que a empresa não tem acesso por não ser responsável pela conta.
Ainda de acordo com Rafael, a Minerworld tem alguns milhões em Bitcoins retidos pela Justiça dos Estados Unidos, após a invasão na corretora Poloniex, plataforma utilizada para movimentação das contas.