Sheila Forato
Zósimo Pereira dos Santos, de 57 anos, vai a júri popular no próximo dia 21 pelo assassinato do investigador Anderson Garcia da Costa, de 37 anos, que morreu após ser espancado por ele numa cela da delegacia de Pedro Gomes, município localizado na região norte de Mato Grosso do Sul.
Garcia chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu a caminho de Campo Grande, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, após ser submetido a altíssima carga de estresse. O policial foi surpreendido com detento em surto e teve de lutar com ele para se defender.
O crime aconteceu em novembro de 2015. Santos tinha sido preso naquela manhã, depois de furtar galinhas na cidade, e atacou Garcia na cabeça com as algemas que ele tinha acabado de retirar do mesmo para receber socorro médico, uma vez que estava em surto.
Minutos antes, o detento tinha danificado o encanamento do bebedouro, rasgado o colchão e danificado a fiação de onde estava preso. Para conter o preso, o policial chegou a atirar duas vezes e após luta corporal conseguiu algemá-lo novamente.
Ferido, Garcia foi socorrido por outros detentos que usaram o seu celular para pedir socorro. Assim que o atendimento chegou, o policial reclamou que não estava sentindo as pernas e de muita falta de ar. Ele veio a morrer ainda dentro da ambulância, a caminho da Capital.
Já o autor ganhou liberdade quase dois anos depois, ficando sob a tutela de uma filha. A defesa tentou a absolvição do réu, alegando que ele agiu em legítima defesa. Pediu também a desclassificação do crime de assassinato para lesão corporal seguida de morte, mas o juiz Diogo da Silva Castro, de Pedro Gomes, entendeu, em 2018, que era caso de júri popular pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Mesmo se condenado, provavelmente, o réu deixará o julgamento sem pena para cumprir na cadeia. Ele foi considerado inimputável, após passar por perícia psiquiátrica em 2016, mas o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e o assistente da acusação, o advogado e irmão da vítima, Adriano Garcia da Costa, defendem a internação compulsória em instituição para pacientes psiquiátricos.
“A sociedade não pode ficar a mercê de agentes criminosos inimputáveis, que cometeram crimes apenados com reclusão e de caráter hediondo, sob o simples argumento de que é ‘notória a falta de vagas em estabelecimentos para cumprimento de medida de segurança detentiva’”, argumenta Adriano Costa.
Com informações do Campo Grande News