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Polícia
12/07/2023 08:21:00
Megatraficante teve 9 helicópteros apreendidos ou que caíram em 2 anos

G1MS/LD

Entre 2020 e 2022, a organização criminosa chefiada pelo megatraficante Antonio Joaquim Mota, conhecido como Dom ou Motinha, perdeu entre apreensões e quedas nove helicópteros. Cada aeronave avaliada em cerca de R$ 1,4 milhão.

As aeronaves, segundo investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, eram utilizadas para trazer cocaína de propriedades rurais de Dom e de sua família, no Paraguai, para os estados de São Paulo e do Paraná, no Brasil, de onde o entorpecente era despachado para os portos de Santos (SP) e Itajaí (SC).

Mota controla parte do tráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Conforme apurado pelo g1, ele é fornecedor de cocaína para uma facção paulista. Dom, inclusive, teria relações próximas com outros grandes traficantes que atuavam na região pela facção e que estão presos, como Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, e Caio Bernasconi, o Fantasma da Fronteira, de quem, seria amigo pessoal.

De acordo com o apurado, mesmo com apreensões e quedas a quadrilha continuou a operar normalmente.

Dom é protegido por um grupo paramilitar de mercenários estrangeiros e vive uma vida de luxo. Segundo as autoridades, ele gosta de ser chamado pelo apelido em uma alusão a Dom Corleone, o mafioso do filme “O Poderoso Chefão”.

Segundo a investigação, a maior parte das aeronaves utilizadas pela quadrilha de Dom eram adquiridas legalmente, geralmente com parte ou a totalidade do pagamento feito em dinheiro e eram registradas em nomes de empresas de fachada e de laranjas.

3 de 3 Megatraficante de drogas Antônio Joaquim Mota soube da operação da PF dois dias antes da ação, segundo apurado pelo g1 — Foto: Redes Sociais Megatraficante de drogas Antônio Joaquim Mota soube da operação da PF dois dias antes da ação, segundo apurado pelo g1 — Foto: Redes Sociais

Na apuração sobre a atuação da quadrilha, as autoridades brasileiras descobriram que em pouco mais de um ano o grupo perdeu em apreensões feitas principalmente pela PF, R$ 429,9 mil em dinheiro e 1,9 tonelada de cocaína.

Nesse período foram seis apreensões de aeronaves e três quedas. Confira abaixo:

  • 9 de julho de 2020. O helicóptero prefixo PR-GME, pilotado por Raulber Wiliam Ramos e carregado com R$ 429,9 mil em dinheiro, faz pouso forçado em São João do Caiuá, no Paraná. Foi a primeira aeronave vinculada à investigação e ajudou a revelar indícios da estrutura da organização criminosa voltada para o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. Ninguém apareceu para reclamar o dinheiro apreendido e o piloto, foi preso depois, fazendo transporte de cocaína em outro helicóptero.

  • 11 de setembro de 2020. Helicóptero prefixo PR-FIN fez pouso forçado na região de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul e depois foi incendiado pelo piloto. A aeronave estava registrado em nome de um alaranja que trabalhava como motorista e peão em fazendas na região de Cornélio Procópio, no Paraná, e Bataguassu, Mato Grosso do Sul.

  • 20 de novembro de 2020. O helicóptero prefixo PR-IZE, também pilotado por Raulber Wiliam Ramos é apreendido na área rural de Corumbataí do Sul, no Paraná, pela Polícia Federal. A aeronave estava transportando 430 quilos de cocaína. Outros dois homens, acusados do apoio logístico para o reabastecimento da aeronave também foram presos.

  • 21 de fevereiro de 2021. O helicóptero prefixo PR-JPE, pilotado por Dejair Alves da Silva, é apreendido pela Polícia Federal na cidade de Santa Mônica, no Paraná, com 247 quilos de cocaína. Outros dois homens, responsáveis pelo reabastecimento também são presos. O piloto já era conhecido pela polícia, pela sua atuação no tráfico de drogas e pela “vasta experiência em voos internacionais, inclusive, sendo um dos poucos que realizavam voos noturnos”.

  • 20 de maio de 2021. O helicóptero prefixo PR-VVB (prefixo adulterado PR-BAR) foi apreendido com 164 quilos de cocaína pela Polícia Militar de São Paulo, em uma área rural nas proximidades de Paraguaçu Paulista. O piloto Fábio Rosa da Silva e o auxiliar, Felipe Chadi Sanches foram presos. Essa apreensão foi chave para a investigação, revelando elementos sobre o local de origem, a fazenda Buracão, no Paraguai, e os donos da droga, o clã Mota.

  • 4 de agosto de 2021. Helicóptero prefixo PT-RMM, pilotado por Alberto Ribeiro Pinto Júnior, cai próximo a cidade de Poconé, em Mato Grosso, com 280 quilos de cocaína.

  • 20 de outubro de 2021. Helicóptero prefixo PR-ITT pilotado por Pedro Augusto Boim e tendo como passageiro Matheus Henrique cai em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, com 264 quilos de cocaína. Piloto e passageiro morrem no acidente.

  • 2 de dezembro de 2021. Helicóptero prefixo PR-DPP é apreendido em Assis, São Paulo, por equipes da Polícia Federal e Polícia Militar do estado, com 280 quilos de cocaína. O piloto Cláudio de Oliveira Souza, foi preso em flagrante por tráfico de drogas.

  • 21 de janeiro de 2022. Helicóptero Prefixo PR-JNY (Prefixo adulterado PR-NRR) pilotado por Johny Ortiz dos Santos, é aprendido pela Polícia Federal em João Ramalho, São Paulo, com 246 quilos de cocaína.

Quem é Motinha

Antônio Joaquim Mota é o atual líder do chamado "clã Mota", uma família que começou na criminalidade nos anos 1970, conforme a mesma fonte. Ele é a terceira geração de uma organização criminosa e que já atuou no contrabando de café, de cigarros, de eletrônicos e que agora, se especializou no tráfico internacional de drogas, com grande influência no Paraguai e na região de fronteira com o Brasil.

No fim de junho, Dom escapou de uma operação montada pela PF, MPF e autoridades paraguaias. Um depoimento de um dos seus guarda-costas preso na ação revelou que ele fugiu porque foi avisado com antecedência da ação. Essa foi a segunda fuga somente esse ano. Em maio, escapou dois dias antes da ação.

Dom segue foragido, e na lista de difusão vermelha da Interpol.

Defesa

O advogado do pai de Dom disse que a família está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos para o restabelecimento de sua honra e, ainda, que não teve todo acesso ao conteúdo investigado e, por isso, não pode esclarecer os fatos noticiados pela imprensa.