\n \n Na delegacia, onde pai\n nenhum gostaria de estar, Jeonísio Rodrigues Lima, 45 anos, esperava para que a\n Polícia ouvisse o depoimento dele e da filha. Agonia que não gostaria de sentir\n nem em pesadelo.\n \n Na noite desta terça-feira,\n ele encontrou no quarto da adolescente de 14 anos, uma mochila com quase 10\n quilos de maconha. Foi ao acaso. A desconfiança de que a menina vinha fumando\n já existia. Mas foi pelo celular que escorregou entre a cama e a parede, que o\n pai teve a certeza de que o envolvimento ia além do vício e chegava ao tráfico.\n \n “Foi uma explosão. Você tem\n que sentar, pensar e conversar. Foi o que eu fiz. É muito pesado ter dentro da sua\n casa uma mochila com droga”, desabafava na delegacia.\n \n Joenísio é carpinteiro e no\n semblante passava a impressão de uma pessoa tranquila\n até aquele momento. Os olhos deixavam transparecer o transtorno que vivia nesta\n manhã, entre a certeza de que entregar a filha à Polícia foi o certo e o\n sentimento de culpa.\n \n Ele e a filha moram no\n bairro São Jorge da Lagoa. Depois de uma discussão entre ele e a namorada,\n Jeonísio foi dormir no quarto da filha. Quando ele foi pegar o celular que\n havia caído foi surpreendido de uma maneira nada agradável\n e a primeira atitude que teve foi a de chamar a ex-esposa à casa e contar o que\n havia encontrado.\n \n nbsp;“Se eu entregar para ele, estou arriscando. Já\n que é para arriscar, que seja tudo ou nada. Isso servirá como lição ou\n aprendizado”, dizia.\n \n A adolescente, segundo o\n pai, não trabalha e nem estuda. O ‘ele’ a quem se refere acima é um amigo que\n passava as noites com a filha dele em casa. “O cara de 20 anos está usando ela.\n Eu falei para ele, você estava dentro da minha casa e eu confiando”, descreveu.\n \n A droga foi encontrada por\n volta das 21h. “Mas eu fiquei pensando, pensando. Foram horas até chamar a\n Polícia”, diz o pai que estava com o coração dividido.\n \n A filha disse à ele que\n havia guardado para o amigo. “Certeza que ela usava não tinha, mas desconfiava.\n São as más companhias e o dinheiro fácil”, tentava justificar.\n \n Jeonísio ligou a noite toda\n para a filha. Foi no início do dia que ela apareceu de carona em casa, vindo de\n fuma festa. “Ele me ligou a noite toda, eu estava com meus amigos. Eu não\n liguei, quando cheguei em casa, perto do portão já vi um monte de Polícia”, descrevia\n a cena a adolescente.\n \n Com lágrimas nos olhos, na\n Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância Juventude), ela chorava. Parte\n arrependimento, parte por não acreditar no que o pai fez.\n \n Para a imprensa ela disse\n que guardou a droga por duas semanas a pedido do amigo. Ela nega que seja\n namorado. “Ele ligava e perguntava da droga e se meu pai estava em casa”. A\n justificativa que o amigo deu a ela para pedir que guardasse a maconha era de\n que se ele carregasse no carro e fosse parado pela Polícia, seria preso.\n \n O caso foi registrado como\n tráfico de drogas e corrupção de menores. A adolescente presta depoimento na\n Deaij e outros dois jovens também foram detidos. Um deles, o que seria o dono\n da droga.\n \n Para a Polícia Militar, o\n pai relatou que há alguns dias, a filha e o namorado haviam chegado em casa com\n uma bolsa camuflada, mas pela liberdade dada ao rapaz e a filha, o pai não\n desconfiou de nada.\n \n Quando a adolescente chegou\n à casa, se deparou com a Polícia e acabou por confessar que a droga pertencia a\n um morador no bairro Vila Almeida Lima. Com o endereço em mãos, o primeiro\n suspeito de envolvimento indicou a casa do dono da droga.\n \n No fim, todos foram\n encaminhados pela Polícia para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento\n Comunitário) do bairro Piratininga.\n \n “A lição que fica agora é\n para ela colher do jeito que achar melhor”, finalizou o pai que denunciou a\n própria filha à Polícia. \n \n \n \n \n