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A Polícia Federal investiga se 1,3 tonelada de cocaína apreendida em um avião particular em agosto deste ano no aeroporto internacional de Fortaleza foi encomendada pelo ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, 63, um dos maiores traficantes de drogas do mundo. Ele é chamado em Portugal de "Escobar brasileiro", em referência ao colombiano Pablo Escobar.
O paradeiro do Major Carvalho, como é conhecido, se tornou um mistério permanente para as autoridades mundiais. Ele é caçado pela Interpol (Polícia Internacional) e as últimas informações são de que tenha fugido em uma aeronave própria para a Ucrânia, no Leste Europeu.
A droga apreendida em Fortaleza estava acondicionada em 24 malas e seria vendida na Europa por 45 milhões de euros, aproximadamente R$ 300 milhões.
Agentes federais prenderam em flagrante o passageiro espanhol Angel Alberto Gonzalez Valdes, 60, e o piloto turco Veli Demir, 48.
"Escobar brasileiro"
Valdes ficou preso no CPPL-6 (Centro de Privação Provisória de Liberdade-6), em Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza. Porém, ele morreu no último dia 24, vítima de câncer. Ele tinha tumor metastático. O piloto turco continua recolhido na mesma unidade.
Agentes federais suspeitam que Valdes era apenas um "laranja" usado pelo narcotráfico. Ao ser flagrado com a droga no avião, ele conversou com um policial e caiu em contradições. Disse que chegou ao Brasil em 27 de julho de 2021 para conhecer Guarulhos.
Dias antes de morrer, Valdes revelou ter deixado 500 mil euros para a mulher dele. Há quem diga que a história do espanhol é parecida com a de Walter White, personagem da série Breaking Bad, que descobriu que tinha um câncer e passou a traficar para ganhar dinheiro e deixar uma herança para a família.
Com a morte de Valdes, a situação judicial do piloto turco só piorou. Veli Demir, apontado pela PF como suspeito de ser narcotraficante, tinha esperança de que o espanhol iria inocentá-lo, em depoimento, da acusação de tráfico internacional de drogas.
A defesa do piloto diz que ele não integra organização criminosa, jamais teve antecedente criminal na Turquia e em qualquer lugar do mundo, e também alega que não há nos autos processuais um indício sequer da ligação do cliente com a droga apreendida na aeronave.
Já as suspeitas da PF são de que a cocaína foi colocada no avião em Ribeirão Preto. Na madrugada de 4 de agosto, a aeronave voltou para a Fortaleza e, de lá, deveria seguir para a Europa, onde faria escala em Lisboa e depois iria para Bruxelas, na Bélgica, o destino final.
Foi justamente na capital portuguesa que a polícia europeia apreendeu, em novembro do ano passado, 11 milhões de euros em espécie em um dos endereços atribuídos ao Major Carvalho.
O dinheiro estava escondido em uma Van estacionada na garagem de um prédio na avenida da Liberdade, em Lisboa, um dos endereços mais chiques da capital lusitana.
Para a Interpol e Polícia Federal do Brasil, Major Carvalho conseguiu o dinheiro exportando cocaína para o Velho Continente.