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Polícia
06/12/2013 09:00:00
Polícia Militar prende motorista alcoolizado conduzindo bitrem às margens da BR-163
A Polícia Militar de Coxim, prendeu neste momento um motorista conduzindo uma carreta Bi trem, totalmente alcoolizado.

PC de Souza

Foto: PC de Souza
Desde 2008,nbsp; a Lei Seca foi implementada para coibir o uso do álcool ao conduzir veículos, com multas cada vez mais pesadas e até uma noite na cadeia, mas tudo isso não impede de vermos situações como a que foi acompanhada por nossa reportagem na tarde desta sexta-feira (06).
De um lado, um trabalhador que possui família, leva a economia na carroceria do caminhão há 24 anos. Por outro, presenciamos cada vez mais famílias e usuários das rodovias sendo dizimados por atitudes como a que segue. Estamos falando de Luiz Fernando Vaz Teixeira, de 44 anos, natural de Maringá (PR), que conduzia um bitrem Volvo, placas ITS-3500 de Maringá (PR), carregado com milho. Teixeira, que veio de Mato Grosso, parou em Coxim por volta das 16 horas na rua lateral a BR-163, e começou a ingerir cervejas. Populares acionaram a Polícia Militar no momento em que o motorista ligou o veículo e saia em direção rodovia, duas horas depois. No local os policiais realizaram o teste do bafômetro que apontou 1,10 miligramas de álcool por litro de ar expelido. Preso em flagrante, Teixeira foi conduzido para a 1ª Delegacia de Polícia Civil, onde ficará a disposição da Justiça. Ele recebeu multa no valor de R$ 1.915, e teve a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), assim como a carreta. Qual o objetivo da "Lei Seca ao volante"? De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a utilização de bebidas alcoólicas é responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E metade das mortes, segundo o Ministério da Saúde, está relacionada ao uso do álcool por motoristas. Diante deste cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 surgiu com uma enorme missão: alertar a sociedade para os perigos do álcool associado à direção. Para estancar a tendência de crescimento de mortes no trânsito, era necessária uma ação enérgica. E coube ao Governo Federal o primeiro passo, desde a proposta da nova legislação à aquisição de milhares de etilômetros. Mas para que todos ganhem, é indispensável a participação de estados, municípios e sociedade em geral. Porque para atingir o bem comum, o desafio deve ser de todos. 3. Por que a lei está mais rígida? A violência do trânsito no Brasil pode ser demonstrada em números. Por ano, pelo menos 35 mil pessoas morrem em decorrência de acidentes. Só em rodovias federais, essa quantidade se aproxima a 7 mil. Numa lista de causas de desastres, a ingestão de álcool aparece entre os sete vilões das estradas. Não se pode negar que motoristas alcoolizados potencializam a gravidade dos acidentes. O álcool é um forte depressor do Sistema Nervoso Central. Por isso, quem bebe e pega o volante tem os reflexos prejudicados. Fica mais corajoso, mas reage de forma lenta e perde a noção de distância. Quando é vítima de desastre de trânsito, resiste menos tempo aos ferimentos, já que as hemorragias quase sempre são fatais. 4. Há leis semelhantes em outros países? Lista elaborada pelo Centro Internacional para Políticas sobre o Álcool (Icap), sediado em Washington (EUA), posiciona o Brasil entre os 20 países que possuem a legislação mais rígida sobre o tema. Das 82 nações pesquisadas, Noruega, Suécia, Polônia, Estônia e Mongólia têm o mesmo nível de rigor do Brasil. Na América do Sul, a tolerância brasileira só fica atrás da Colômbia, onde o limite é zero. A Noruega foi o primeiro país a criar leis específicas para a mistura álcool e direção. Desde 1936, a legislação de trânsito vem sendo aprimorada e hoje, o limite tolerado para motoristas embriagados é igual ao do Brasil. Se for flagrado com índices maiores que 2 decigramas de álcool por litro de sangue, o condutor perde a carteira por um ano, é preso por no mínimo três semanas, e o trabalho na cadeia é obrigatório. Além disso, as multas aplicadas são proporcionais à renda do infrator. Assim como no Brasil, países da Europa e das Américas vêm mudando suas legislações de trânsito. Em alguns estados norte-americanos, se o condutor recusa o “teste do bafômetro”, há presunção de embriaguez e apreensão imediata do veículo e da carteira de habilitação. O motorista também é preso em flagrante e tem penas equivalentes a um condutor reprovado pelo teste. O conjunto de medidas fez com que o número de motoristas alcoolizados envolvidos em acidentes nos Estados Unidos caísse de 50% nos anos 1970 para 20% atualmente. Na França, o motorista que se recusa a soprar o etilômetro fica obrigado a realizar exame de sangue para verificar a quantidade de álcool ingerido. A meta francesa, inclusive, prevê submeter ao bafômetro um terço dos motoristas habilitados por ano. No Reino Unido, além do etilômetro, as autoridades podem exigir teste de sangue ou urina dos condutores suspeitos. Se ele não cooperar, é preso por até seis meses, perde o direito de dirigir por um ano e paga multa de 5 mil libras (quase R$ 16 mil). 5. Quais sanções previstas aos infratores? Quem for flagrado sob efeito de álcool (de 0,1mg a 0,29 mg de álcool por litro de ar expelido) é enquadrado no artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): comete infração gravíssima (7 pontos na CNH), com penalidade de multa (R$ 957,70) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. O veículo ainda fica retido até que apresente outro condutor habilitado e em condições de dirigir. Porém, aquele condutor que atingir o limite de 0,30 mg comete também crime de trânsito, pelo artigo 306 do CTB, que prevê penas de detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.