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Após operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), deflagrada em Ribas do Rio Pardo, cidade a 103 km de Campo Grande, o prefeito João Alfredo Danieze (Psol) afirmou ser vítima e não alvo da ação na manhã desta quarta-feira (16). A investigação aponta que parlamentares ganhavam vantagens para aprovar projetos de interesse da prefeitura.
Em nota, João Alfredo diz que não foram cumpridos mandados de busca e apreensão em sua casa, na prefeitura e na residência de nenhum outro secretário municipal. Ele afirma ainda que não teve acesso a nenhuma informação sobre o processo que é sigiloso.
“Embora este procedimento desencadeado seja sigiloso, figuro como vítima e envolve, sob fatos de meu conhecimento pessoal, duas autoridades locais – que sofreram buscas e apreensões na data de hoje – que tentaram obter vantagens quando no início de nosso mandato (a partir de abril de 2021), uma delas, inclusive, já denunciada por corrupção passiva e outros crimes”, pontua o prefeito.
Por fim, o prefeito lamenta que o município sofra o batismo com o nome da operação. “Quando várias outras autoridades, inclusive na Câmara Municipal, são dignas de credibilidade e seriedade”, finaliza João Alfredo.
A nota foi entregue em mãos à reportagem do Campo Grande News que esteve no início desta tarde na Prefeitura de Ribas do Rio Pardo.
Alvos– Dois dos três vereadores alvos da operação afirmaram à reportagem que estão tranquilos e cientes de que não estão “devendo nada”. Segundo Anderson Arry Januário Guimarães (PSDB), ele não é e nunca foi aliado do prefeito João Alfredo e teve apenas o celular apreendido pelo Gaeco.
“A gente não tem nada. O problema é só a exposição da vida gente, mas é o ônus da posição. Eles não falaram nada, porém a gente tem uma noção do que seja. Aqui, levaram só meu celular. Olharam os computadores, mas não levaram nada. A gente é meio um vereador de oposição, ele fez uma denúncia contra a gente lá no começo do mandato”, disse o vereador.
Ele explicou que não sabe do que se trata a denúncia e que o celular entregue aos agentes não tem nem senha. Sobre a propina, ele afirma que nenhum dos que atuam tenha recebido algo. “Eu sou assistente social, atuo no Município há 16 anos, então temos altos e baixos. Não posso só votar contra, porque preciso ser coerente. Se for algo que beneficie a população eu voto a favor, mas nunca fui aliado dele”, disse o vereador.
Assim como o colega também alvo da operação Álvaro Andrade dos Santos, o "Nego da Borracharia" (PSDB), ele acredita que a ação seja resultado de uma denúncia do atual prefeito e que ele teria feito isso para assustá-los. “Ele é um dos melhores advogados que o município teve, mas acredito que a gente seja o início de algo muito maior, talvez. Mas eu não tenho muita coisa para falar. O Nego ele vai mais a fundo, pesquisa muito mais. Acredito que queiram acelerar algum processo”, afirmou Anderson.
Ao Campo Grande News, Anderson alegou ainda que não vai constituir advogado, já que é inocente. “Eu não tenho nem o que falar para feri-lo. Eu não vou gastar R$ 20, 30 mil com advogado se sou inocente. As alegações da nota são pesadas, a gente tem filho, mas estou tranquilo”, finalizou.
Mais cedo, o vereador Álvaro falou com a reportagem e afirmou estar tranquilo porque é inocente. Ele disse não saber do que se trata a operação e teve apenas o celular e o computador apreendidos. “Colaborei, passei a senha e disse que almeja há muito tempo a vinda deles aqui pois fiz várias denúncias contra ele. E curiosamente todos os investigados são a oposição do prefeito”, pontuou.
O ex-diretor de Recursos Humanos da Câmara Municipal, também alvo da operação, relatou também estar tranquilo. “Só apreenderam meu celular, não sei o que se trata, apenas imagino. Esperar agora dia 23 para saber. Eu saí da Câmara há 1 ano e acabei sendo alvo porque isso aí foi denúncia no início do mandato”, disse Jefferson dos Santos Ataíde.
Já o terceiro vereador alvo do Gaeco, Tiago Gomes de Oliveira (PSDB) não quis falar com a imprensa. Na casa dele, foram apreendidos R$ 88 mil. O ex-prefeito José Domingues Ramos (PSDB), conhecido como Zé Cabelo, acabou sendo preso em flagrante com 32 munições em casa, mas acabou sendo liberado após pagar R$ 7,5 mil em fiança. Ele também não quis falar com a reportagem.