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Servidor que ocupa cargo de chefe de equipe na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), maior presídio de Mato Grosso do Sul, está sendo acusado de extorsão contra um preso condenado por tráfico de drogas.
Com a desculpa de arrecadar dinheiro para confraternização dos servidores do presídio, o agente penitenciário Antonio Sílvio de Oliveira teria exigido R$ 1 mil do preso Gerson José de Souza Junior. Só que o dinheiro não foi entregue aos organizadores da festa.
O momento em que Sílvio recebeu o dinheiro foi captado pelas câmeras internas do presídio. Descoberto, o servidor teria ameaçado o preso para tentar obrigá-lo a assinar documento negando a extorsão. Gerson se negou e novamente denunciou o servidor.
A denúncia está sendo investigada desde o início de setembro pelo Ministério Público. Hoje (6), a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que o caso é apurado pela Corregedoria-Geral “para as devidas apurações e providencias cabíveis”.
A extorsão – Segundo denúncia anônima feita à ouvidoria do Ministério Público no dia 10 de setembro, na tarde de 25 de agosto deste ano, o chefe de equipe Silvio “solicitou” R$ 1 mil do preso Gerson José de Souza Junior, alojado na cela 01 da chamada “cadeia linear A”.
Conforme a denúncia, o circuito interno de TV registrou o momento em que Silvio se desloca para o corredor de acesso à cadeia linear e chama Gerson, para o acompanhar até a porta de entrada de outra cela.
Daquele dia em diante, as imagens do vídeo foram acessadas por diversas vezes pelos servidores da unidade penal, “o que causou repugnância, sensação de que todos os agentes penitenciários que laboram na PED estivessem enxugando gelo, ou mesmo, haveria conivência de alguma autoridade”, afirma trecho da denúncia.
O caso foi remetido à 8ª Promotoria de Justiça da comarca de Dourados e no dia 16 de setembro o promotor Juliano Albuquerque instaurou procedimento para investigar ato de corrupção passiva por parte de um dos chefes de equipe.
Preso ameaçado – Ciente de que o caso se tornaria outro escândalo na PED, o servidor teria ameaçado o preso, tentando obrigá-lo a assinar declaração negando a extorsão. Chamado pelo cliente, o advogado de Gerson requisitou proteção ao preso.
Em seguida direção do presídio criou força-tarefa formada por cinco diretores para ouvir o depoimento do presidiário. Gerson confirmou a extorsão e disse que a atitude do chefe Sílvio em exigir dinheiro de presos era algo rotineira.
Natural de Aquidauana e morador em Ponta Porã, Gerson José de Souza Junior, 35, cumpre quase dez anos de prisão por tráfico de drogas. Ele está preso desde 2018.
No dia 28 de setembro, o diretor da penitenciária, Antônio José dos Santos, mandou ofício ao promotor de Justiça informando sobre as providências adotadas em relação ao caso. Segundo ele, no dia 8 de setembro foram encaminhadas à Diretoria de Operações as imagens do circuito interno de TV e cópia do depoimento do preso.
O diretor informou que o servidor Silvio está de férias desde 13 de setembro e alega ter sugerido sua transferência para outra unidade penal. Antônio José dos Santos desconhecer suposto repasse de celular para presos e abuso sexual que teria sido cometido pelo servidor contra funcionária do setor de saúde, também denunciados ao MP.