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O subtenente Silvio César Molina Azevedo foi excluído nesta segunda-feira (4) do inativo da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), por decisão judicial. Ele foi denunciado em 2022 por sessão de tortura quando em 2017 ‘caçava’ os assassinos do filho, Jefferson Piovezan Azevedo Molina, de 25 anos. O subtenente foi alvo da ‘Operação Laços de Família’.
Em março de 2023, o subtenente já havia sido excluído ex officio a ‘bem da disciplina’ publicada em Diário Oficial. Nesta segunda, a exclusão se deu como pena acessória. “EXCLUIR, por Decisão Judicial, o Subtenente PM SILVIO CESAR MOLINA AZEVEDO, matrícula 83136021, do efetivo inativo da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, em cumprimento de pena acessória, conforme Ação Penal Militar congruente com o Art. 102 do Código Penal Militar.”
Denúncia por tortura
A denúncia foi apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) no dia 8 de agosto de 2022, após o processo inicial de 2020 ser desmembrado. No entanto, é esclarecido que o irmão Márcio André Molina Azevedo, policial civil preso na Operação Codicia, também participou da sessão de tortura.
Assim, é relatado que o subtenente Molina passou a ‘investigar’ o assassinato do filho, que aconteceu em junho de 2017, na frente de uma lanchonete. No dia 15 de julho daquele ano, ele teria, junto com o irmão e uma terceira pessoa, abordado os dois homens que estavam em uma motocicleta.
Laços de Família
Ao todo, foram 15 denunciados após a operação, todos condenados em dezembro de 2021 pelo juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande. As penas variam de 3 a 61 anos de prisão, pela prática de tráfico de drogas, ocultação de bens e associação criminosa. A sentença determinou, ainda, pagamento de multas e perda de bens.
O subtenente Silvio Molina foi condenado a 61 anos, 11 meses e 21 dias de reclusão, além do pagamento de 6.576 dias-multa. O filho do PM, Jefferson, ainda operava como líder operacional, mas faleceu em uma emboscada preparada por rivais. Segundo a investigação, a sede da quadrilha ficava em Mundo Novo, onde o grupo atuava de forma semelhante à máfia: os chefes da organização eram da mesma família e tinham estreita ligação com o PCC.
Além do subtenente, os ‘gerentes’ da organização também receberam penas maiores. Eles tinham como função organizar os motoristas que transportariam as cargas. As penas para os gerentes variam de 20 a 31 anos de prisão. De acordo com a decisão da Justiça, a família envolvida na organização tinha papel decisivo ao liderar o esquema e evitava se relacionar com intermediários e gerentes.
As informações são de que os executores das ordens praticamente não tinham contato direto com a cúpula e privilegiavam encontros pessoais com intermediários. “Todos eram descritos como armados e violentos, tendo promovido uma guerra entre facções locais de Mundo Novo, culminando em perseguições, torturas e assassinatos de rivais”, diz a sentença.