VERSÃO DE IMPRESSÃO
Polícia
16/04/2018 12:30:00
Testemunhas ouvidas no mês passado relatam briga entre gari e agiota dias antes do crime
Polícia Civil está convencida do envolvimento de Zé Carlos na execução, mas ele nega participação

Sheila Forato

Foto: PC de Souza

A prisão do gari José Carlos Pereira da Silva, de 39 anos, ocorrida no final da tarde de sexta-feira (13), foi concedida pela Justiça depois que duas testemunhas resolveram falar para a Polícia Civil de uma briga entre ele e Manoel Teodoro, o Neto, dias antes de sua morte, em julho de 2017.

Por medo, as testemunhas só resolveram falar agora, mas os depoimentos foram fundamentais para reforçar a suspeita da polícia. Segundo essas testemunhas, dias antes da execução, suspeito e vítima brigaram, sendo que Zé Carlos teria puxado uma faca para Neto.

Desde o início a Polícia Civil acredita que pessoas próximas à vítima teriam ligação com o crime, mas a investigação teve dificuldades de montar o quebra-cabeça, pois as testemunhas estavam assustadas, acuadas e temiam por represálias.

Polícia acredita que pessoas próximas podem estar envolvidas na execução de Neto

Outro fato que reforçou a suspeita da polícia foi um comentário de Zé Carlos, no dia do crime. Ao conversar com o delegado que deu início a investigação ele questionou como ninguém tinha ouvido os tiros de 38, sendo que nem a perícia tinha afirmado, ainda, o calibre da arma usado na execução.

De acordo com a Polícia Civil esse crime tem sido desvendado pelo detalhe, pois não existe crime perfeito. Na versão do gari ele tinha saído para fazer caminhada, foi até a secretaria de Obras e quando chegou em casa encontrou Neto caído.

Ao relatar esse detalhe para a polícia, Zé Carlos contou que ao chegar em casa, por volta das 7h20, o portão estava trancado e que somente ele e a vítima tinham a chave. Então, questiona a investigação, como outra pessoa teria entrado no local para executar o crime? A polícia chegou a cogitar que o assassino pudesse ter entrado pelos fundos do rancho, as margens do rio Taquari, mas essa hipótese foi descartada.

A polícia acredita ainda que o suspeito tentou forjar um álibi, pois, quatro dias antes da execução ele começou a fazer caminhadas de madrugada, inclusive com postagem nas redes sociais. Nas horas que antecederam o assassinato ele foi para a secretaria de Obras, onde ficou das 3 às 6 horas.

Conforme a Polícia Civil, as caminhadas durante a madrugada não continuaram depois da execução. Sem contar outros detalhes, o de não ir até o corpo caído quando o instinto é socorrer, assim como o de ligar para a polícia em vez do socorro, demonstrando ter conhecimento de que a vítima estava morta.

Todos esses indícios levaram a prisão do gari, que continua negando participação no crime. Em entrevista ao Edição MS, logo depois de ser preso, ele nega até mesmo discussão com o agiota. Afirma apenas que estava se afastando de Neto, por conta da forma truculenta de cobrar seus devedores. Zé Carlos contou que ele tinha contratado dois homens para fazer cobranças.

A defesa do gari foi assumida pelo advogado Osiel Ferreira, que vai tentar a liberdade de Zé Carlos no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), ainda nesta segunda-feira (16).