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O episódio em que foi estuprada e agredida por dupla de criminosos foi o mais cruel, mas não o primeiro caso de transfobia pelo qual passou a mulher trans de 54 anos, que segue internada há uma semana no Hospital Universitário de Campo Grande. No ano passado, a vítima processou a locatária de uma casa que a humilhou publicamente.
No mesmo dia em que deu entrada no HU, ela teria de comparecer a audiência de conciliação sobre o caso.
No processo, em tramite na 14ª Vara Cível, a vítima detalhou que na manhã do dia 22 de novembro de 2020 foi até a casa de uma amiga, na Vila Sobrinho. O imóvel era alugado e pertence à acusada, que estava no local quando a mulher trans chegou. Incomodada com a presença da visita, a proprietária passou a atacá-la.
“Não quero este tipo de pessoa na minha casa, não sei se é homem ou mulher. Não quero esse tipo de gente aqui. Essa pessoa tem envolvimento com crime”.
Depois disso, a ré ainda exigiu que a inquilina desocupasse a casa, alugada por R$ 700, alegando que não iria tolerar “esse tipo de gente” na residência. Em depoimento, a vítima disse que se sentiu humilhada com a situação e por isso, procurou uma delegacia, onde registrou comunicou sobre o caso à polícia.
No dia 25 de junho, mesmo dia em que a mulher trans passou mal e precisou ser levada para o hospital, a Justiça havia agendado audiência de conciliação que aconteceria às 16 horas. O encontro foi reagendado para 12 de agosto.
Nesta sexta-feira (2), familiares e amigos farão uma carreata cobrando justiça para a vítima. A saída será às 16 horas da Avenida Aro Clube, em frente à praça da Vila Sobrinho e seguirá até a praça Ary Coelho, no Centro.
Crime - A vítima foi sequestrada por dois homens por volta das 11 horas do dia 18 de junho, mês do orgulho LGBTQIA . Eles estavam em um carro vermelho e a abordaram no bairro Vila Sobrinho. Encapuzada, a vítima foi levada até uma residência, onde ela foi agredida e obrigada a manter relações sexuais com um cachorro. Depois disso, os criminosos abandonaram próximo ao Cemitério Santo Amaro.
O caso não foi denunciado porque a vítima teve vergonha de contar sobre o que havia acontecido. Só veio à tona uma semana depois porque a mulher trans contou para amigos próximos que estava com o lado do corpo totalmente paralisado. A situação era sequela da sessão de estupro.
A Deam investiga e procura pelos bandidos que vão responder por sequestro qualificado, estupro coletivo, injúria racial e lesão corporal dolosa grave.