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A história da conta do senador Romário na Suíça ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira. Após ir até a Europa para provar que não possuía conta lá, depois que uma reportagem da Veja dizia que sim, um áudio de uma conversa de Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás. Nele, Ribeiro afirma que o ex-jogador tem uma conta no país do Velho Continente. Em nota, Romário voltou a negar.
O áudio em questão é uma conversa entre Edson Ribeiro e o senador Delcídio Amaral, que foi preso nesta quarta-feira junto com o banqueiro André Esteves, CEO do Banco BTG Pactual, em mais uma fase da Operação Lava-Jato.
O diálogo foi gravado por Bernardo Cerveró, filho de Nestor. Nele, o advogado diz que Romário foi avisado para retirar seu dinheiro da Suíça para não ser preso. Em troca, o ex-jogador teria aceitado apoiar Pedro Paulo, pré-candidato do PMDB à prefeitura do Rio de Janeiro, nas eleições do ano que vem. O BTG Pactual, de Esteves, é dono do BSI, banco suíço em que Romário supostamente teria conta, e que emitiu um documento dizendo que o extrato mostrado na reportagem da revista era falso.
O BTG tem entre seus sócios Guilherme da Costa Paes, irmão do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, que com as informações privilegiadas sobre a conta de Romário, teria trocado elas pelo apoio do ex-jogador nas eleições do ano que vem.
No diálogo, Delcídio narra o encontro que teve com Romário e estranhou a presença do senador ao lado de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, e Pedro Paulo. Já que o apoio do Baixinho é bastante disputado no Rio e seu nome apareceu como um dos provavéis pré-candidatos à disputa da prefeitura. O próprio Delcídio conta que Eduardo disse que ele e Romário fizeram um acordo para 2016. O acerto, segundo Ribeiro, envolveu a informação da conta na Suíça.
Baixinho se defende
Leia o trecho da conversa:
Delcídio Amaral – Hoje eu estava com a minha agenda toda organizadinha para estar aqui às 13 horas. Para acabar de complicar ainda mais “O Globo” me aparece com Eduardo Paes, com Pedro Paulo, com Romário e com (Senador Ricardo) Ferraço.
ADVOGADO – Fizeram acordo, né?
DELCÍDIO – Diz o Eduardo que fez.
ADVOGADO – Foi Suíça.
DELCÍDIO – Foi Suíça é?
ADVOGADO – Tinha a conta realmente do Romário
DELCÍDIO – Do Romário é?
BERNARDO CERVERÓ – Tinha essa conta é?
DELCÍDIO – Em função disso fizeram o acordo?
ADVOGADO – Tinha dinheiro no banco que foi encontrado. [há um barulho e os presentes dizem ahhh]. Tira, senão você vai preso [mais barulho como se estivesse batendo na mesa].
Pouco tempo depois, Romário se pronunciou por meio de seu Facebook oficial. O senador voltou a negar qualquer conta na Europa e disse que o caso já foi esclarecido pelas autoridades brasileiras e suíças. Ele também explica os encontros que teve com Amaral e que os acusadores irão responder na Justiça pelas inverdades, além de dizer que não é segredo que Eduardo Paes quer seu apoio nas eleições de 2016. Leia o comunicado na íntegra:
Galera, sobrou de novo para mim. Está brabo o negócio.
Encontrei o senador Delcídio Amaral no dia 4 de novembro, quarta-feira, para tratar da votação de um Projeto de Resolução do Senado (PRS 50/2015), do senador José Serra, do qual fui coautor.
Na ocasião, foi feito um pedido ao senador Delcídio Amaral, que preside a Comissão de Assuntos Econômicos, para agilizar a tramitação do projeto, que tinha o senador Ricardo Ferraço como relator.
Participaram da reunião o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o secretário de Governo, Pedro Paulo, e o senador Ricardo Ferraço. Todos diretamente interessados na aprovação dessa resolução, que propôs o fim de barreiras à cessão de dívida ativa de estados e municípios. Esse foi o teor da reunião.
Hoje chegou à imprensa o áudio de uma conversa do senador Delcídio Amaral e do seu chefe de gabinete com o advogado e o filho do investigado na Operação Lava Jato, ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
No áudio, meu nome é citado. E uma história diferente da relatada acima é contada. O advogado levanta suspeita sobre um assunto que já foi esclarecido por mim e pelas autoridades brasileiras e suíças. Aqueles que novamente fazem acusações inverídicas claro que responderão à Justiça. Qual a credibilidade do advogado de um bandido, corrupto e responsável por roubar uma das principais empresas do país?
Não é novidade para ninguém que o prefeito Eduardo Paes tem interesse que eu apoie o seu candidato à sucessão. Não sou responsável pelo que terceiros falam, apenas pelos meus atos. Assim sendo, deixo claro que não tenho nenhum acordo com ninguém e, infelizmente, o dinheiro não é meu. Digo infelizmente porque, com certeza, se fosse meu, seria fruto de muito trabalho honesto.