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Agora é oficial: as chapas dos principais candidatos à Presidência da República estão definidas e, com elas, a prioridade na busca pelo voto feminino.
Não à toa: 52,5% do eleitorado é composto por mulheres. E o maior percentual de indecisos ou dispostas a anular são justamente as mulheres (80%).
De olho nisso, os principais postulantes à Presidência da República passaram as últimas semanas em busca da "vice do sonhos". Mas não era o Plano A de nenhum deles.
Geraldo Alckmin (PSDB) queria Josué Gomes (PR), assim como Ciro Gomes (PDT). Jair Bolsonaro (PSL) queria Magno Malta (PR). O PT chegou a sinalizar a Ciro Gomes com a vice.
Nada nesse primeiro cenário se concretizou. E os candidatos partiram para o "Plano M": uma mulher para a chapa.
Alckmin, então, fechou com a senadora Ana Amélia (PP-RS) e Ciro Gomes, com a senadora Katia Abreu (PDT-TO). Em comum, o objetivo dos candidatos de ter representatividade feminina na chapa, além de sinalizar para o agronegócio. Ambas têm interlocução com a bancada ruralista.
No caso de Ana Amélia, Alckmin ainda mira votos no Sul, que divide com Bolsonaro e com Álvaro Dias (Podemos).
Katia Abreu, ao blog, admitiu que o fator mulher pesa na escolha. E diz que foi sondada por Carlos Lupi, presidente do PDT, na quinta-feira passada se aceitaria ser vice.
A decisão foi anunciada no domingo (5). Psicóloga de formação, ela disse à reportagem que "dá muitos conselhos" a Ciro - conhecido por ter um temperamento explosivo.
No caso de Jair Bolsonaro, ele tentou fechar com o PR de Valdemar Costa Neto - mas Magno Malta, seu escolhido, não topou. Bolsonaro partiu para o plano B - Janaina Paschoal. Temendo resistência, Bolsonaro arrumou um plano C- o príncipe Luis Felipe de Orleans e Bragança.
O candidato chegou a anunciar na sabatina da GloboNews, na sexta-feira (3), que estava entre os dois - mas já admitia nos bastidores que deveria escolher o príncipe. Motivo: Janaina alegara ter questões pessoais que poderiam fazê-la declinar.
Bolsonaro queria uma mulher na vice para amenizar a imagem de que é machista, devido a declarações que causam polêmica, como a de que foi uma "fraquejada" ter tido uma quinta filha mulher. Com uma mulher na vice, ele tentaria diminuir sua rejeição entre o eleitorado feminino.
Mas, para surpresa até de adversários, Bolsonaro acabou definindo o general Mourão como seu vice. Mourão, recentemente, defendeu a ditadura e o coronel Brilhante Ustra.
No caso do PT, a cinco minutos do fim do prazo neste domingo, o comando do partido anunciou Fernando Haddad na vice de Luiz Inácio Lula da Silva - mas, já admitindo que o ex-presidente será considerado inelegível, o partido indicou Manuela D' Ávila (PC do B) como vice de Haddad, caso Lula não dispute a eleição.
Marina Silva, candidata da Rede, tem Eduardo Jorge (PV) na vice.
A união faz a força
Com o cenário eleitoral definido, os candidatos sinalizam suas prioridades, e os partidos também. Fora do espectro do Executivo, os partidos do chamado "Centrão" querem garantir o comando da Câmara dos Deputados no ano que vem.
Por isso marcharam em bloco e fecharam com Geraldo Alckmin. Mas fechariam com qualquer candidato- como Ciro Gomes- desde que fosse juntos.
No melhor (ou pior) estilo “a união faz a força", os partidos entregaram tempo de TV a Alckmin em troca da sinalização de que, se eleito, o tucano apoiará o candidato do "Centrão" para o comando da Câmara. Sem contar a promessa - negada por Alckmin ("não me pediram nada") - de distribuição de cargos aos partidos em troca de apoio.
Popularmente conhecido como "balcão de negócios".