Líderes disseram que deixaram grupo de insatisfeitos após enfrentamento. Câmara aprovou audiência com dez ministros e comissão sobre Petrobras.
Plenário da Câmara dos Deputados, antes da aprovação de comissão para investigar Petrobras, primeira derrota do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Depois de uma semana de derrotas para o governo na Câmara dos Deputados, o número de parlamentares que optou por sair do chamado "blocão", grupo da base aliada insatisfeito com o Palácio do Planalto, chega a aproximadamente 77. Este é o total de integrantes das bancadas do PP, PROS e PDT, siglas que anunciaram a saída do blocão nos últimos dias. Inicialmente, o grupo de insatisfeitos com o Executivo federal, liderados pelo PMDB, era formado por cerca de 240 deputados, aglutinados em sete partidos da base mais o oposicionista Solidariedade. Nesta semana, na principal vitória do blocão quando foi aprovada em a criação de comissão externa para acompanhar as investigações de denúncias contra a Petrobras os votos favoráveis à matéria e contrários ao governo chegaram a 267. As derrotas foram seguidas pela retomada da reforma ministerial. Na quinta-feira (13) o Planalto anunciou substituições em seis ministérios, atendendo parte dos partidos rebelados. O líder do PP na Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PE) disse ao G1 que o partido decidiu abandonar o bloco após perceber as ações de enfrentamento que estão sendo tomadas. "O blocão foi proposto para a gente discutir a relação com o governo. E agora, nesta semana, o blocão mudou o propósito de discutir para passar a enfrentar o governo. Foi por isso que a gente desembarcou e decidiu não fazer mais parte", disse o parlamentar. Para deputado Felix Mendonça Júnior (BA), vice-líder do PDT, a saída do partido do grupo se dá pelo desconhecimento do objetivo final do blocão. "Participamos das primeiras reuniões, mas não vamos fechar com o blocão, porque a gente não sabe quais são os objetivos finais [...]. Terminou acontecendo um enfrentamento sem um objetivo, apenas para enfrentar por enfrentar. A gente quer uma agenda positiva para o Brasil", disse Júnior. A formação do blocão ocorreu devido a uma insatisfação da base aliada por vários motivos: o não cumprimento de acordos quanto à liberação de recursos de emendas parlamentares, a demora em concluir a reforma ministerial, a exclusão das decisões políticas e de lançamentos de programas do governo federal. Para estancar a crise, a presidente anunciou nesta quinta a troca no comando de seis ministérios. Emendas
Ao anunciar no plenário da Câmara nesta quinta que seu partido deixará o blocão, o líder do PROS, deputado Givaldo Carimbão (AL), cobrou a liberação de emendas parlamentares. A decisão da sigla de abandonar o bloco ocorreu na quarta (12), após reunião da cúpula do partido com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Nesta quinta, porém, membros do partido saíram insatisfeitos após reunião com o governo sobre a liberação de emendas.
"A emenda parlamentar é feita pelo deputado eleito constitucionalmente. De repente, nós deputados temos R$12 milhões, R$ 14 milhões para obras em municípios e é um problema para conseguirmos arrancar o empenho e fazer os recursos chegarem aos municípios", reclamou Carimbão na tribuna do plenário da Câmara. Mesmo saindo do blocão, o líder do PROS disse acreditar que o enfrentamento ao governo pode continuar na Câmara enquanto a pauta da Casa for marcada por questões que contrariam o Executivo. "O enfrentamento ao governo está na elaboração da pauta, não no plenário como ocorreu nesta de terça feira, que colocaram a questão da Petrobras em pauta mesmo com a disposição de dois ministros virem antes aqui prestar esclarecimentos", completou. Nesta quinta, pela primeira vez o Senado também apontou contrariedade com o governo ao aprovar que senadores se juntem a deputados na comissão externa que irá a Holanda acompanhar as investigações envolvendo a Petrobras. A viagem ainda não tem data marcada.