Agência Estado/LD
Para Ciro Nogueira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma pessoa "muito autêntica" e, por isso, não irá se imunizar contra a covid-19 por conta das eleições gerais deste ano. No início da pandemia, Bolsonaro realizou uma série de críticas aos imunizantes, colocando em dúvida sua eficácia, e desde então, tem se recusado a se imunizar.
Ciro Nogueira defendeu que as questões da vacina às vezes são "desvirtuadas", com frases tiradas de contexto, e afirmou que o mais importante é que o presidente disponibilizou a vacina para a população.
"Esta fora de questão o presidente utilizar a vacina para aumentar seu cacife eleitoral. O que vai ter muito mais efeito que isso vai ser as pessoas saberem, constatarem, que ele foi o responsável por trazer vacinas para todos os brasileiros que quiseram se vacinar, tanto a ele quanto a seus filhos", disse o ministro da Casa Civil, durante entrevista ao Metrópoles
Mourão
O ministro também tentou minimizar os atritos entre o presidente e seu vice, o general Hamilton Mourão. A chapa entre os dois não vai se repetir, já que Bolsonaro procura outra pessoa para ocupar o lugar de vice - e Mourão já planeja sua candidatura para o Senado do Rio Grande do Sul, ou do Rio de Janeiro.
No entanto, Nogueira descartou que o atual vice vá às eleições como um crítico de Bolsonaro. "Ele ser contra o presidente está fora de questão, ele é uma figura que demonstrou, ao longo que teve na vice-presidência, total lealdade ao projeto do presidente", afirmou.
Moro
O ministro-chefe da Casa Civil também afirmou que acha difícil o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) levar adiante a candidatura à Presidência. Para ele, Moro será candidato a deputado federal em 2022.
"Pelo que eu conheço do histórico do ex-ministro Sérgio Moro, acho difícil ele continuar com a candidatura. A candidatura dele patina nas pesquisas, e ele está com muito problema na própria Justiça", disse na entrevista ao Metrópoles, se referindo ao pedido de investigação do Ministério Público para que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue os ganhos de Moro como consultor após deixar o ministério.
Segundo Nogueira, o ex-juiz deve concorrer a uma vaga na Câmara, e não ao Senado como se especula. "Eu acredito que o Moro vai ser candidato a deputado federal. O Estado que ele poderia ter alguma chance (como senador) é o Paraná, e o Paraná tem um candidato muito forte, até do próprio partido dele, que é o (senador) Álvaro Dias", ponderou.
Para Nogueira, falta ao ex-juiz um posicionamento mais concreto com relação às suas reais intenções na política, o que dificulta sua conexão com o eleitorado. "O Moro eu costumo dizer que é uma pessoa hoje, com conflitos de identidade. Ele era para ser juiz e queria ser político naquela época, e agora virou político e continua querendo ser juiz. Não houve uma sintonia com a população".
Pesquisas de intenção de votos recentes mostram que o ex-juiz compete com o pedetista Ciro Gomes (PDT) pelo terceiro lugar na corrida presidencial. Contudo, nos principais levantamentos, nem o ex-juiz nem Ciro Gomes ultrapassam os dois dígitos nas intenções de voto. Encabeçam as pesquisas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na liderança, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Nogueira também fez críticas aos problemas que o ex-juiz tem com a Justiça. Disse que seria impossível imaginar que Moro hoje estivesse com pedido de bens bloqueados após denúncia no Ministério Público. "Isso é impensável, mas deixa o Moro para lá, ele vai se entender na Justiça, eu espero só que ele tenha um julgamento justo, que ele não encontre nenhum Sérgio Moro para julgá-lo", provocou.