VERSÃO DE IMPRESSÃO
Política
06/08/2012 06:23:49
Chamado de "chefe de quadrilha", defesa de Dirceu é 1ª no mensalão
Para o advogado, o procurador "fechou os olhos" para a Ação Penal 470 durante as cinco horas de exposição dos argumentos da acusação na última sexta-feira.

Terra/PCS

Foto: Fábio Pozzebom
\n \n O\n advogado José Luís de Oliveira Lima, que defende o ex-ministro da Casa Civil do\n governo Lula José Dirceu no caso do mensalão, será o primeiro a falar na\n terceira sessão do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta\n segunda-feira a partir das 14h. Segundo o procurador-geral da República Roberto\n Gurgel, Dirceu foi o "mentor do esquema". \n \n Para\n o advogado, o procurador "fechou os olhos" para a Ação Penal 470\n durante as cinco horas de exposição dos argumentos da acusação na última\n sexta-feira. "Desprezou os mais de 500 depoimentos do inquérito. Não há\n nenhuma menção que o incrimine. Ele fala que a prova são exatamente as\n testemunhas da ação penal. Só que não apresentou nenhum testemunho, porque não\n há de fato nenhuma prova", afirmou o defensor de Dirceu logo após o final\n da segunda sessão do julgamento.\n \n José\n Luís de Oliveira Lima terá uma hora para expor os argumentos da defesa de José\n Dirceu. O criminalista deve direcionar a responsabilidade para o ex-deputado do\n PTB, Roberto Jefferson, autor da denúncia que levou à cassação do ex-ministro.\n A defesa vai sustentar na tribuna do STF que "a história foi montada por\n Jefferson" e que o esquema de compra de apoio parlamentar "não\n existiu".\n \n Os\n advogados de outros quatro réus devem se manifestar na sessão de hoje. O\n segundo será Luis Fernando Pacheco, defensor de José Genoíno, que deve alegar\n que as funções dele na presidência do PT eram meramente políticas e\n institucionais. Pacheco irá afirmar que Genoino não interferia nas decisões\n financeiras do partido, a cargo de Delúbio Soares. O advogado também tentará\n provar que Genoino mantinha relações apenas políticas com parlamentares do PP e\n do PTB e rebaterá as acusações de formação de quadrilha, sustentando que não\n houve crime nenhum.\n \n O\n terceiro a falar será o advogado Arnaldo Malheiros, que defende Delúbio Soares.\n O ex-tesoureiro do PT, responsável pelas finanças na campanha do ex-presidente\n Lula em 2002, é acusado de orientar a distribuição dos recursos aos\n parlamentares e negociar com o empresário Marcos Valério a montagem de todo o\n esquema que ficou conhecido como nensalão. Segundo o advogado, Delúbio está\n "tranquilo" e acompanhará o julgamento de sua casa, em Goiás.\n \n Na\n sessão da última sexta-feira, o procurador-geral da República Roberto Gurgel\n trouxe um fato novo para a acusação: segundo ele, Delúbio não só distribuiu,\n como também recebeu pagamentos de R$ 550 mil. "Delúbio é um herói das\n bases do PT. É um absurdo dizer que ele pegou algum dos muitos milhões que\n passaram pelas mãos dele", afirmou Malheiros.\n \n Hermes\n Guerrero, advogado do empresário Ramon Hollerbach será o último a falar. Sócio\n de Marcos Valério em agências, Hollerbach teria ordenado a doleiros os\n pagamentos a Duda Mendonça no exterior. \n \n O mensalão do PT
\n Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no\n suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto\n Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares\n da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os\n interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado\n federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara.\n Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos\n públicos até 2015.\n \n No\n relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como\n operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e\n ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e\n o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de\n quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa. \n \n Em\n 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para\n não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que\n fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos\n 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de\n figurar na denúncia.\n \n O\n relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema\n era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso,\n Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMPamp;B\n Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes:\n formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. \n \n A\n então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto\n Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de\n quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda\n Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de\n dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação\n (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do\n Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção\n passiva e lavagem de dinheiro. \n \n O\n ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por\n peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares\n do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.\n \n \n Em\n julho de 2011, a\n Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o\n STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da\n Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal\n (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.