Veja/PCS
As denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vão ganhar um reforço na próxima semana. Relator do processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) decidiu acatar as novas petições apresentadas no início do mês contra o peemedebista, que apontam que Cunha mentiu mais de uma vez à CPI da Petrobras, quando negou manter contas não declaradas no exterior - afirmação contrariada pelo Ministério Público da Suíça.
A nova contradição de Cunha diz respeito a sua relação com o lobista e delator Fernando Baiano, apontado como o operador de propinas para o PMDB e alvo da Operação Lava Jato. Em março do ano passado, o presidente da Câmara disse aos parlamentares da CPI que nunca se reuniu com Baiano em sua residência, no Rio de Janeiro. Em depoimento aos investigadores da operação da Polícia Federal, porém, o lobista não só afirmou que esteve várias vezes na casa de Cunha, como descreveu a residência do parlamentar na Barra da Tijuca.
O PSOL e a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), ambos opositores declarados do presidente da Câmara, encaminharam duas petições ao Conselho de Ética para que as evidências de uma segunda mentira fossem anexadas ao processo. Ao site de VEJA, o deputado Marcos Rogério disse nesta quinta-feira ter admitido os novos fatos, que serão incluídos como complementação ao parecer que pede a abertura de investigação contra Eduardo Cunha.
"Vou conhecer os novos fatos como aditamento. Como esse pedido se dá ainda dentro da fase de defesa, não há problemas regimentais. Se fosse na fase de instrução seria um outro procedimento", afirmou o relator. "Eu estou admitindo as petições. Na admissibilidade verifica-se se há justa causa para investigar as denúncias, e eu considero que há sim justa causa", continuou, acrescentando que deve protocolar a complementação na próxima segunda-feira.
Marcos Rogério já apresentou parecer favorável à abertura de investigação contra Eduardo Cunha. O relatório de admissibilidade foi aprovado em dezembro, mas uma decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), anulou a sessão, levando o processo praticamente à estaca zero. O conselho, então, deve fazer uma nova votação. Está prevista sessão do colegiado na próxima terça-feira. É esperado que os aliados de Cunha peçam vista, o que deve arrastar a análise do parecer para, pelo menos, o fim de fevereiro.