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Política
21/01/2013 09:00:00
Crise global afeta mais meninas e mulheres, diz relatório
A crise econômica global afetou mais fortemente mulheres e meninas, segundo um relatório divulgado por organizações de direitos da crianças e de desenvolvimento.

R7/HJ

\n \n A\n crise econômica global afetou mais fortemente mulheres e meninas, segundo um\n relatório divulgado por organizações de direitos da crianças e de\n desenvolvimento.\n \n Segundo\n o levantamento feito pelas organizações Plan International e Overseas\n Development Institute, o encolhimento econômico elevou a mortalidade infantil\n de meninas e levou mais mulheres a sofrer abusos ou a passar fome.\n \n Segundo\n as ONGs, esse efeito poderia eliminar os ganhos conseguidos nos últimos anos\n para alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidas pela ONU\n para erradicar a pobreza extrema e melhorar índices sociais até 2015.\n \n "As\n melhorias ocorridas nos últimos cinco anos foram muito frágeis", disse à\n BBC o presidente-executivo da ONG de direitos das crianças Plan International,\n Nigel Chapman, um dos autores do estudo.\n \n "É\n chocante, porque eu não acho que as pessoas estejam realmente notando\n isso", afirma Chapman, que antes de assumir o cargo na ONG chefiou o\n Serviço Mundial da BBC por quatro anos.\n \n Segundo\n Chapman, os problemas começam quando as meninas são ainda muito jovens.\n \n —\n As meninas são o grupo mais marginalizado do mundo.\n \n A\n proporção de meninas que morreram desde o início da crise global aumentou cinco\n vezes mais rapidamente que a proporção de mortes de meninos, afirma.\n \n Chapman\n cita uma pesquisa do Banco Mundial em 59 países que indica que uma queda de 1%\n na atividade econômica eleva a mortalidade infantil em 7,4 mortes por 1.000\n meninas e 1,5 morte por 1.000 meninos.\n \n —\n É o exemplo mais completo da pobreza exacerbada.\n \n Falta de dados\n \n Os\n autores do relatório, que compila dados de várias fontes, como estudos\n acadêmicos ou documentos do Banco Mundial, afirmam que há uma falta de dados\n coletados especificamente para medir o impacto da recessão condicionado por\n gênero.\n \n "Entretanto,\n do que está disponível parece claro que as meninas e as mulheres jovens estão\n sob risco específico durante períodos de incerteza econômica e estresse",\n afirma o relatório.\n \n Com\n o aumento da pobreza em consequência da recessão, cada vez mais famílias sem\n recursos vêm optando por tirar da escola meninas mais velhas, segundo o\n documento.\n \n A\n conclusão do ensino primário caiu 29% entre as meninas, enquanto o índice de\n para os meninos caiu 22%.\n \n Segundo\n o relatório, muitas meninas foram tiradas da escola para ajudar em casa, porque\n suas mães tinham que trabalhar mais horas para compensar salários mais baixos.\n \n "As\n meninas são sugadas pelas tarefas domésticas", diz Chapman.\n \n —\n E uma vez que elas parem de ir à escola, é muito difícil que elas voltem ao\n ritmo normal.\n \n Casamentos de crianças\n \n Em\n muitos casos, um aumento no número de casamentos de crianças foi observado\n quando a atividade econômica baixou. "Famílias atingidas pela pobreza\n simplesmente não conseguiam alimentar todas essas bocas, então elas tentam\n casá-las mais cedo", diz Chapman.\n \n Outras\n meninas eram enviadas para trabalhar — em alguns casos, como prostitutas.\n \n Em\n casa, as meninas e as mulheres muitas vezes comem menos para garantir que o\n chefe da família, responsável pelo "ganha-pão", tenha alimentação\n suficiente.\n \n "Elas\n ficam mais fracas e menos saudáveis e entram numa espiral negativa", diz\n Chapman.\n \n Enquanto\n isso, meninas e mulheres sofrem mais negligência e abusos do que sofriam antes\n da crise.\n \n O\n relatório diz ainda que quando grávidas, elas recebem menos ajuda do que antes,\n deixando adolescentes entre 14 e 19 anos particularmente sob risco durante a\n gravidez.\n \n Direitos sob ameaça\n \n Segundo\n o documento, meninas e mulheres também têm menos acesso a serviços básicos e\n redes de segurança social.\n \n "Os\n direitos humanos fundamentais das meninas estão crescentemente sob\n ameaça", diz Nicola Jones, pesquisadora do Overseas Development Institute.\n \n Muitos\n dos problemas se devem a "desigualdades de gênero estabelecidas",\n segundo Chapman.\n \n Segundo\n ele, programas internacionais precisam ser estabelecidos para garantir que as\n mulheres jovens recebam alimentação adequada, sejam protegidas socialmente e\n frequentem a escola, e também para criar empregos para elas após o término dos\n estudos.\n \n —\n Precisamos eliminar as diferenças entre meninas e mulheres de um lado e meninos\n e homens do outro.\n \n \n \n \n