G1/AB
O senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) recebeu alta e deixou o hospital Sírio Libanês, em São Paulo, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição. O senador foi submetido nesta terça-feira (5) a uma cirurgia de retirada da vesícula por cálculos.
Segundo boletim médico divulgado pelo hospital na terça, a cirurgia transcorreu sem intercorrências. Delcídio do Amaral foi operado por Raul Cutait e equipe.
Por causa da cirurgia, Delcídio pediu nova licença médica do Senado, por mais dez dias. A atual licença dele terminaria na próxima quarta-feira (6).
Delcídio foi preso em novembro do ano passado, pela Operação Lava jato, por suspeita de atrapalhar as investigações. Ele saiu da prisão depois de 87 dias e, desde então, não voltou ao Senado. O senador tem apresentado sucessivos pedidos de licença por motivos de saúde.
O ex-líder do governo responde a uma representação, no Conselho de Ética, por quebra de decoro parlamentar. O processo pode terminar com a cassação do seu mandato.
Um depoimento dele no conselho estava marcado para esta quinta-feira (7), mas ele não compareceu. Foi a segunda tentativa de ouvi-lo. A primeira reunião tinha sido marcada dia 23 de março.
Os membros do Conselho de Ética decidiram dar mais uma oportunidade para que Delcídio faça sua defesa, na sessão do dia 19 de abril.Um dos advogados do senador não garantiu que o cliente irá ao colegiado no dia, mas disse que não é a intenção do senador "procrastinar" (atrasar) as atividades do conselho.
Investigações Em gravação, obtida pela Polícia Federal, o senador aparece oferecendo um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Em troca, Delcídio queria que Cerveró não o citasse em acordo de delação premiada. No áudio, Delcídio também diz que conversaria com ministros doSupremo Tribunal Federal (STF) para que fosse concedido um habeas corpus para Cerveró.
A defesa de Delcídio no Conselho de Ética alega que o senador não estava atuando como parlamentar no momento da gravação e que a possível conversa com ministros era “simples” bravata.
O relator da representação em desfavor de Delcídio, Telmário Mota (PDT-RR), considerou as justificativas “fracas” e recomendou a continuação do processo que cassa o mandato do senador. O relatório foi aprovado por unanimidade pelo colegiado.
Delação Em março, o Ministério Público Federal tornou pública a delação premiada de Delcídio do Amaral. No depoimento, o ex-líder do governo no Senado faz uma série de acusações que envolvem desde os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), respectivamente, até ministros de Estado, como Aloizio Mercadante (Educação) e José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União).
Na delação, Delcídio também diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia dos esquemas de corrupção na Petrobras e que a presidente Dilma Rousseff atuou junto a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que estes agissem em favor de acusados na Operação Lava Jato.
Após fechar o acordo de delação premiada, Delcídio deixou a prisão com restrição de liberdade. Desde então, o senador deve ficar recolhido em casa no período noturno.