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Política
07/05/2016 07:05:00
Dilma descarta renúncia: 'Não vou ficar debaixo do tapete'
No dia em que a comissão do Senado aprovou o relatório favorável ao impeachment, a presidente disse que é inocente e voltou a falar em ‘golpe’ em ato no interior de Pernambuco

Veja/PCS

A presidente da República, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Poucas horas depois de a Comissão Especial do Impeachment no Senado aprovar relatório favorável ao prosseguimento do processo, a presidente Dilma Rousseff afirmou que "estão condenando alguém que é inocente e que não há nada mais grave do que isso". A declaração foi dada durante visita a obras do Projeto de Integração do São Francisco (PISF), na zona rural de Cabrobó, em Pernambuco. "Eu sou a prova da injustiça", lamentou a petista.

"Eles sempre quiseram que eu renunciasse. Sabem por quê? Sabem o tapete? Você levanta ele e esconde a sujeira debaixo. Se eu renunciar, eu vou debaixo do tapete. Mas eu não vou, vou ficar aqui brigando", prometeu a presidente. Nesta sexta-feira, a comissão aprovou, por 15 votos a 5, parecer do senador Antonio Anastasia (PMDB-MG) pela admissibilidade do processo de impeachment. A admissão do processo vai agora ao plenário do Senado. A expectativa é de que a peça seja lida na segunda-feira, quando começaria a contar o prazo de 48 horas para que os senadores votem o processo. Para que a presidente seja afastada, é necessário que a maioria simples dos senadores presentes na sessão votem a favor do impeachment.

Cada vez mais perto de deixar o poder, a presidente aproveitou o discurso na pequena cidade do interior pernambucano para reafirmar que o impeachment é "golpe" e ressaltar os programas sociais de seu governo. "Esse golpe tem um motivo. E o motivo é que o Brasil nesses treze anos mudou: as pessoas ganharam autoestima e dignidade", falou, dando ênfase ao Bolsa Família, às universidades federais, à ascensão da classe média.

Lembrando que o Nordeste foi a região que mais cedeu votos à sua reeleição, Dilma disse que "nunca esquecerá disso" e que será uma grande injustiça se ela não estiver presente como presidente quando a obra no São Francisco estiver pronta. "Nós (ela e Lula) lutamos para fazer essa obra. Nós fizemos o projeto", declarou.

Em uma crítica indireta ao vice-presidente Michel Temer, Dilma repetiu o discurso do medo petista de que a saída do partido do governo representa risco às políticas sociais. "Resolvem que essa crise tem que ser enfrentada reduzindo programas sociais. Como é que alguém vai votar em quem vai reduzir direitos, programas sociais?".

Em um ataque a Eduardo Cunha, Dilma disse ainda que não recebeu dinheiro de corrupção e que não tem conta no exterior. "Não há legitimidade no impeachment; esse é um golpe para compromissos sociais", disse a petista. "Um governo deve ser julgado sempre pelas escolhas que fez. E tenho imenso orgulho das escolhas que fiz", falou, citando que uma delas é o projeto de integração na bacia do rio São Francisco.