O Globo/LD
Um dia depois do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, usar as redes sociais para fazer um "repúdio à impunidade", o tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, comandante da Aeronáutica, afrimou em nota que "hoje serão testados valores que nos são muito caros, como a democracia". Porém, destacou que "é muito importante que todos nós, militares da ativa ou da reserva, integrantes das Forças Armadas, sigamos fi elmente à Constituição, sem nos empolgarmos a ponto de colocar nossas convicções pessoais acima daquelas das instituições". No texto, endereçado aos integrantes do comando da Aeronáutica e tornado público na manhã desta quarta-feira, ele afirma que o país está " prestes a viver um dos momentos mais importantes da sua história", em referência ao julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta quarta-feira.
No texto, o comandante da Aeronáutica destaca que os militares precisam respeitar democraticamente as opiniões dos diversos setores da sociedade, polarizados por conta da crise política: "Nestes dias críticos para o país, nosso povo está polarizado, infl uenciado por diversos fatores. Por isso é muito importante que todos nós, militares da ativa ou da reserva, integrantes das Forças Armadas, sigamos fi elmente à Constituição, sem nos empolgarmos a ponto de colocar nossas convicções pessoais acima daquelas das instituições".
Rossato diz que "hoje serão testados valores que nos são muito caros, como a democracia e a integridade de nossas instituições. Instituições essas que têm seus papéis muito bem definidos no arcabouço legal da nação". Ainda segundo a nota, "os ânimos já acirrados intensificam-se ainda mais com a velocidade das redes sociais". Ele afirma ainda que "o Brasil merece que seus cidadãos se respeitem e sejam respeitados, que os poderes constituídos atuem em consonância com preceitos éticos e morais dos quais possamos nos orgulhar".
O comandante da Aeronáutica afirma ainda que os militares das Forças Armadas - estejam na ativa ou na reserva - respeitem as instituições democráticas. Ele diz que "tentar impor nossa vontade ou de outrem é o que menos precisamos neste momento".
Na noite da última terça-feira, o general Villas Bôas usou seu perfil no Twitter para dizer que "o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade".
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:
"O Brasil amanhece hoje prestes a viver um dos momentos mais importantes da sua história.
Hoje serão testados valores que nos são muito caros, como a democracia e a integridade de nossas instituições. Instituições essas que têm seus papéis muito bem defi nidos no arcabouço legal da Nação.
Num momento como este, os ânimos já acirrados intensifi cam-se ainda mais com a velocidade das mídias sociais, onde cada cidadão encontra espaço para repercutir a sua opinião, em prol do que julga ser o país merecedor.
Entretanto, as necessidades da Nação vão bem mais além. O Brasil merece que seus cidadãos se respeitem e sejam respeitados, que os poderes constituídos atuem em consonância com preceitos éticos e morais dos quais possamos nos orgulhar, que os cidadãos possam ir e vir em segurança, além de tantos outros direitos básicos que hoje o Brasil ainda não oferece para uma boa parte do seu povo.
Nestes dias críticos para o país, nosso povo está polarizado, infl uenciado por diversos fatores. Por isso é muito importante que todos nós, militares da ativa ou da reserva, integrantes das Forças Armadas, sigamos fi elmente à Constituição, sem nos empolgarmos a ponto de colocar nossas convicções pessoais acima daquelas das instituições.
Os poderes constituídos sabem de suas responsabilidades perante a nação e devemos acreditar neles. Tentar impor nossa vontade ou de outrem é o que menos precisamos neste momento. Seremos sempre um extremo recurso não apenas para a guarda da nossa soberania, como também para mantermos a paz entre irmãos que somos. Acima de tudo, o momento mostra que devemos nos manter unidos, atentos e focados em nossa missão".