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Política
03/01/2013 09:00:00
Empresa que derrubou cúpula do Dnit-MS assina contrato de restauração de rodovia
A empreiteira Rodocon está de contrato assinado com a Superintendência Regional do Dnit (Departamento Nacional de Transporte e Trânsito).

Midiamax/PCS

Foto: PC de Souza
\n A empreiteira Rodocon está de contrato assinado com a Superintendência Regional do Dnit (Departamento Nacional de Transporte e Trânsito). O documento foi publicado no Diário oficial da União desta quinta-feira (3). Curiosamente a empresa ganhadora do edital é a mesma responsável pelo escândalo que derrubou a cúpula do Dnit-MS, demitindo o ex-superintendente Marcelo Miranda e seu braço direito Guilherme Alcântara, bem como o chefe do Dnit em Dourados e pivô do caso, Carlos Roberto Milhorim. Segundo publicação no diário oficial, o contrato Nº 791/2012 UASG 393010, prevê que a Rodocon execute obras e serviços de conservação e recuperação na rodovia BR-267, em trecho de 124,5 km, entre nova Alvorada do Sul e o entroncamento com a MS-134, que leva a Casa Verde. O trecho já havia sido restaurado em 2010 e 2011 por duas outras empreiteiras envolvidas em escândalos nacionais, sendo a Delta – do esquema de Carlinhos Cachoeira, e a Sucesso – envolvida na Operação Lunus, que apurou financiamento de campanha de Roseana Sarney. Além disso, o TCU (Tribunal de Contas da União) encontrou exatamente no mesmo trecho, as maiores irregularidades na restauração da BR-267, entre elas ‘projeto executivo deficiente ou desatualizado, fiscalização ou supervisão deficiente ou omissa, execução de serviços com qualidade deficiente e duplicidade na contratação/licitação de serviços’. A Rodocon foi citada por ter se beneficiado de duplicidade de licitação, por fazer a obra de conservação ao mesmo tempo em que a Delta e a Sucesso faziam restauração do pavimento da rodovia. O edital comprova as irregularidades na rodovia, uma vez que após as sucessivas empresas se revezarem em contratos milionários ainda é necessário fazer reparos como “solo melhorado com cimento para base de remendo profundo, selagem de trinca, correção de defeitos com mistura betuminosa e correção de defeitos por fresagem descontínua”, entre outros. Quem assina o projeto do edital vencido pelo Rodocon é o engenheiro Gustavo Rios Milhorim. Ele é filho de Carlos Roberto Milhorim, exonerado do Dnit Dourados e pivô das demissões do então superintendente Marcelo Miranda e seu braço direito, Guilherme Alcântara. Milhorim foi demitido pelo ministro Paulo Sérgio Passos por “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública, improbidade administrativa, lesão aos cofres públicos, dilapidação do patrimônio nacional e corrupção” e seus superiores por omitirem as irregularidades cometidas por Milhorim. Carlos Roberto Milhorim foi investigado e processado por abrigar a empresa do filho, a Rodocon, dentro da sede do Dnit em que era chefe. Notícias relatam que uma operação do Polícia Federal apreendeu computadores e documentos do Dnit e da Rodocon. A empreiteira Técnica Viária, de Curitiba, foi citada pelo PF como integrante do esquema. A PF apurou que Milhorim era dono que uma usina de asfalto que fornecia massa asfáltica para as empresas contratadas pelo próprio Dnit que ele dirigia. Estes fatos resultaram em processo tocado pelo juiz federal Odilon de Oliveira, que determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal do engenheiro. As investigações levantaram contratos, serviços executados e medições de obras coordenadas por Milhorim. Na época, Gustavo Rios realizava cálculos de obras que foram assinados pelo pai. Segundo informações do inquérito policial, em apenas uma das obras a planilha com o cálculo de medição aponta valor de R$ 331 mil, mas a autorização de pagamento era de quase o dobro, R$ 607 mil. As investigações apontaram que Carlos Roberto Milhorim possuía imóveis em Dourados, Campo Grande e Uberaba (MG), e que seu patrimônio seria incompatível com sua renda salarial. A informação chegou ao Ministério e a cúpula foi removida dos quadros da superintendência de Mato Grosso do Sul. O trio – Marcelo Miranda, Guilherme Alcântara e Carlos Milhorim - foi denunciado pelo TCU por diversas outras práticas de irregularidade graves no Fiscobrás de 2009 e de 2010. As auditorias falavam de superfaturamento e sobrepreço, falta de projeto básico para obras, uso de materiais inadequados e outros itens que comprometeram a durabilidade das obras, além de provocar dano ao erário. Exemplos de obras nestas condições foram a BR-359, a BR-267, a BR-163, a BR-262 e a BR-060, ou seja, as principais rodovias do MS. As obras foram planejadas e realizadas em conjunto com o governo de André Puccinelli (PMDB), por meio da Agesul, sob direção do deputado federal Edson Giroto (PMDB). Notícias relacionadas

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