Política
01/11/2013 10:10:00
Esquema de corrupção compromete futuro político de Kassab e seu partido, dizem especialistas
O esquema de corrupção e desvio de, pelo menos, R$ 200 milhões da Secretaria de Finanças de São Paulo durante a gestão de Gilberto Kassab arranhou a imagem do PSD
R7/PCS
O esquema\n de corrupção e desvio de, pelo menos, R$ 200 milhões da Secretaria de Finanças\n de São Paulo durante a gestão de Gilberto Kassab arranhou a imagem do PSD \n partido criado pelo ex-prefeito e deverá provocar prejuízos à possível\n campanha dele ao governo do Estado de São Paulo em 2014 e aos futuros\n candidatos do PSD à Câmara e ao Senado. O diagnóstico é de cientistas políticos\n ouvidos pelo R7.\n \n As\n declarações do atual prefeito, Fernando Haddad (PT), na última quinta-feira\n (31), de que podem existir mais pessoas envolvidas no esquema, além dos quatro\n funcionários públicos presos anteontem, reforçam a mancha no ainda jovem\n partido de Kassab, explica Hilton Fernandes, professor da FESP (Fundação Escola\n de Sociologia e Política) de São Paulo.\n \n Esse\n escândalo dos auditores tem o poder de prejudicar o partido do Kassab da mesma\n forma que a máfia dos fiscais prejudicou o Pitta e o Maluf no ano 2000, levando\n à eleição da Marta. Tem um potencial muito grande de prejudicar o PSD. Ainda\n mais porque o prefeito Haddad já declarou que tem mais coisa para aparecer.\n Isso pode ser uma indicação de que essas coisas só sairão na hora certa, ou\n seja, na eleição.
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\n Ontem, Haddad deu indícios de que os quatro funcionários que participavam do\n esquema devem dar detalhes e expandir a rede. O petista disse ainda que vai\n chamar as empresas, porque elas têm que prestar esclarecimentos sobre as\n condições em que se submeteram a essa prática.\n \n A cientista política da USP\n (Universidade de São Paulo) Maria Tereza Sadeck engrossa a tese do colega da\n FESP sobre os prejuízos nas urnas para o partido de Gilberto Kassab. No\n entanto, ela reconhece ser necessário aguardar o desenrolar das investigações\n para comprovar qualquer ligação entre o grupo criminoso e pessoas próximas ao\n ex-prefeito.\n \n Arranha a imagem, mas se\n é muito eu não sei. Depende dos desdobramentos desse fato. O Kassab já disse\n que não foi ele quem contratou os envolvidos estimulando que se investigue\n mais. Dependerá muito dos desdobramentos. [...] É muito difícil fazer um\n prognóstico de tudo que vai acontecer nesse tempo. Muita coisa pode aparecer\n ainda.\n \n Entenda o caso\n \n No início deste ano, com a\n criação da CGM (Controladoria Geral do Município), a Prefeitura de São Paulo\n passou a fazer, por meio de um sistema informatizado, o cruzamento de dados\n entre a declaração de bens de servidores do município e seus rendimentos.\n \n Foi esse sistema que\n permitiu que as suspeitas de enriquecimento ilícito por parte dos quatro\n servidores públicos fossem detectadas e desencadeassem a investigação do\n Ministério Público por meio do Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão\n ao Crime de Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de\n Ativos) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado)\n , com o apoio da prefeitura e da Polícia Civil.\n \n As investigações apontaram\n o envolvimento de quatro servidores todos concursados com o desvio de, pelo\n menos, R$ 200 milhões entre outubro de 2010 e janeiro de 2013, quando três\n deles foram exonerados dos cargos comissionados que possuíam, por indicação do\n ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa. Se levado em conta o período em\n que o grupo detido atuava, desde 2007, o rombo pode alcançar os R$ 500 milhões,\n segundo o MP.\n \n Em depoimento ao MP nesta\n quinta-feira (31), o ex-agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso Magalhães\n confessou o crime e disse que o esquema desviava cerca de R$ 250 mil por\n semana. O promotor do Gedec, Roberto Bodini, explicou detalhadamente como funcionava\n o esquema, de acordo com o que foi investigado até aqui.\n \n Ao final da obra, as\n incorporadoras submetem ao poder público as notas fiscais, para que sejam\n feitos os eventuais cálculos do resíduo do ISS [Imposto Sobre Serviços de\n Qualquer Natureza]. Essas notas fiscais eram recolhidas pelo departamento da\n prefeitura, operado por esses investigados, e eles faziam um cálculo, chegando\n a um número real ou irreal. Em cima desse número, eles exigiam que a empresa,\n ao invés de pagar ou recolher 100% da guia para a prefeitura, fizesse o\n pagamento de parte desse valor para uma empresa que foi constituída em nome de\n um dos fiscais e sua esposa na época, e em nome da prefeitura era recolhida uma\n ínfima quantia, perto do valor depositado para essa empresa [do fiscal].\n \n As investigações continuam\n em andamento e não está descartado o envolvimento de outros servidores públicos\n no esquema de corrupção.
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\n Ontem, Haddad deu indícios de que os quatro funcionários que participavam do\n esquema devem dar detalhes e expandir a rede. O petista disse ainda que vai\n chamar as empresas, porque elas têm que prestar esclarecimentos sobre as\n condições em que se submeteram a essa prática.\n \n A cientista política da USP\n (Universidade de São Paulo) Maria Tereza Sadeck engrossa a tese do colega da\n FESP sobre os prejuízos nas urnas para o partido de Gilberto Kassab. No\n entanto, ela reconhece ser necessário aguardar o desenrolar das investigações\n para comprovar qualquer ligação entre o grupo criminoso e pessoas próximas ao\n ex-prefeito.\n \n Arranha a imagem, mas se\n é muito eu não sei. Depende dos desdobramentos desse fato. O Kassab já disse\n que não foi ele quem contratou os envolvidos estimulando que se investigue\n mais. Dependerá muito dos desdobramentos. [...] É muito difícil fazer um\n prognóstico de tudo que vai acontecer nesse tempo. Muita coisa pode aparecer\n ainda.\n \n Entenda o caso\n \n No início deste ano, com a\n criação da CGM (Controladoria Geral do Município), a Prefeitura de São Paulo\n passou a fazer, por meio de um sistema informatizado, o cruzamento de dados\n entre a declaração de bens de servidores do município e seus rendimentos.\n \n Foi esse sistema que\n permitiu que as suspeitas de enriquecimento ilícito por parte dos quatro\n servidores públicos fossem detectadas e desencadeassem a investigação do\n Ministério Público por meio do Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão\n ao Crime de Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de\n Ativos) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado)\n , com o apoio da prefeitura e da Polícia Civil.\n \n As investigações apontaram\n o envolvimento de quatro servidores todos concursados com o desvio de, pelo\n menos, R$ 200 milhões entre outubro de 2010 e janeiro de 2013, quando três\n deles foram exonerados dos cargos comissionados que possuíam, por indicação do\n ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa. Se levado em conta o período em\n que o grupo detido atuava, desde 2007, o rombo pode alcançar os R$ 500 milhões,\n segundo o MP.\n \n Em depoimento ao MP nesta\n quinta-feira (31), o ex-agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso Magalhães\n confessou o crime e disse que o esquema desviava cerca de R$ 250 mil por\n semana. O promotor do Gedec, Roberto Bodini, explicou detalhadamente como funcionava\n o esquema, de acordo com o que foi investigado até aqui.\n \n Ao final da obra, as\n incorporadoras submetem ao poder público as notas fiscais, para que sejam\n feitos os eventuais cálculos do resíduo do ISS [Imposto Sobre Serviços de\n Qualquer Natureza]. Essas notas fiscais eram recolhidas pelo departamento da\n prefeitura, operado por esses investigados, e eles faziam um cálculo, chegando\n a um número real ou irreal. Em cima desse número, eles exigiam que a empresa,\n ao invés de pagar ou recolher 100% da guia para a prefeitura, fizesse o\n pagamento de parte desse valor para uma empresa que foi constituída em nome de\n um dos fiscais e sua esposa na época, e em nome da prefeitura era recolhida uma\n ínfima quantia, perto do valor depositado para essa empresa [do fiscal].\n \n As investigações continuam\n em andamento e não está descartado o envolvimento de outros servidores públicos\n no esquema de corrupção.