G1/PCS
Eram 11h25 do dia 12 de maio de 2016. Vice-presidente da República, Michel Temer estava no Palácio do Jaburu, em Brasília, quando foi notificado sobre a decisão do Senado de abrir o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Naquele dia, Temer tomou posse, nomeou os novos 24 ministros do governo (atualmente são 29) e fez o primeiro discurso como presidente em exercício em um dos salões do Palácio do Planalto.
Diferentemente dos presidentes eleitos, que discursam ao povo no parlatório do palácio, Temer se dirigiu a uma plateia formada majoritariamente por políticos convidados e afirmou que o Brasil vivia a "pior crise econômica" da história.
Na ocasião, o recém-empossado presidente em exercício apontou a necessidade de proteger a Lava Jato contra "qualquer tentativa de enfraquecê-la"; disse que manteria os programas sociais; defendeu a urgência de fazer um "governo de salvação nacional"; e lembrou uma placa que viu em um posto de gasolina com a seguinte mensagem: "Não fale em crise, trabalhe".
Passados dois anos desde o afastamento de Dilma (o impeachment só foi aprovado em 31 de agosto de 2016), Temer lidera um governo que ostenta queda da inflação e a redução da taxa de juros, mas que tenta lidar com o aumento no número de desempregados e com os altos índices de rejeição.
Hoje, Temer conduz um governo alvo de denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR), envolvido em crises políticas e no foco de investigações criminais.
Aprovação
Nove meses após tomar posse para o segundo mandato como vice-presidente, Temer afirmou num evento, em setembro de 2015, que seria "difícil" Dilma Rousseff aguentar mais três anos no Palácio do Planalto em razão da baixa popularidade. À época, ela tinha 8% de aprovação.
Temer assumiu a Presidência de maneira interina em maio de 2016 e no primeiro discurso afirmou que, para governar, precisaria do "apoio do povo", que, por sua vez, precisaria "aplaudir" as medidas adotadas.
Hoje, a aprovação do presidente, segundo o Datafolha, é de 6% - 70% consideram o governo ruim ou péssimo.
Em recente entrevista, Temer afirmou que um publicitário disse a ele que "aproveite a impopularidade" para fazer as reformas necessárias ao país.
Economia
Passava das 18h do dia 12 de maio de 2016 quando Temer falou pela primeira vez como presidente em exercício.
O presidente apontou como maior desafio "estancar o processo de queda livre na atividade econômica".
Em dois anos, Temer acostumou-se a badalar índices alcançados em sua gestão, como a alta do PIB em 2017 (1%) após dois anos de retração e as quedas da inflação e da taxa básica de juros (6,5% ao ano), a menor da série histórica do Banco Central, iniciada em 1986.
No mercado de trabalho, contudo, o governo não conseguiu reduzir o número de desempregados, pelo contrário. Segundo o IBGE, quando Temer assumiu eram 11,4 milhões e hoje, 13,7 milhões.
Crises
Nesses dois anos à frente do Planalto, Temer enfrentou uma série de polêmicas causadas por denúncias, delações, prisões de assessores mais próximos e investigações da Polícia Federal.
No ano passado, o presidente foi denunciado duas vezes ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria Geral da República (PGR). Os crimes: corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça.
As denúncias, baseadas nas delações da JBS, fizeram Temer viver seu momento mais dramático no governo.
Segundo o Ministério Público, numa conversa com o dono da empresa, Joesley Batista, Temer deu aval ao pagamento de dinheiro para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, o que o presidente nega. O encontro aconteceu no fim da noite, fora da agenda, e foi gravado por Joesley.
O STF só poderia analisar as denúncias, porém, se a Câmara autorizasse. Nos dois casos, a maioria dos deputados votou contra o prosseguimento dos processos e, com isso, as acusações contra Temer só poderão ser analisadas após ele deixar o Planalto.
Investigações
Hoje, Temer é alvo de dois inquéritos que tramitam no STF. Com base nas delações de executivos da JBS e da Obderecht, o presidente passou a ser investigado por suposto recebimento de propina na edição do decreto dos portos e em contratos da Secretaria de Aviação Civil.
A pasta da Aviação foi comandada por Moreira Franco, atual ministro de Minas e Energia, e Eliseu Padilha, atual chefe da Casa Civil, ambos do MDB, principais conselheiros de Temer e formalmente denunciados pelo Ministério Público ao STF.
Além dos dois, outras pessoas muito próximas ao presidente passaram a ser investigadas e até foram presas, entre as quais:
Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado e ex-assessor especial de Temer;
José Yunes, ex-assessor especial de Temer;
João Baptista Lima Filho, coronel aposentado da PM e amigo de Temer;
Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer.
O presidente nega qualquer tipo de envolvimento com irregularidades. Afirma ser vítima de uma "campanha oposicionista" para enfraquecer o governo, acrescentando que é alvo de "vazamentos irresponsáveis" de dados relacionados às investigações sobre ele.
Sobre se tem medo de ser preso ao deixar o cargo, o presidente diz que não, acrescentando que isso seria uma "indignidade".