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Política
18/11/2012 10:33:15
Indústria do álcool discute métodos de prevenção
Um dos principais desafios discutidos na reunião foi a necessidade de mudar os padrões de consumo de bebida alcoólica entre os jovens.

Estadão/HJ

\n \n São\n Paulo recebeu, há duas semanas, um encontro internacional para discutir\n políticas de controle do consumo abusivo de álcool que reuniu representantes do\n governo estadual, de universidades brasileiras e estrangeiras e da indústria da\n bebida. \n \n O\n evento ocorreu logo após a conferência Ações Globais: Iniciativa para Reduzir o\n Consumo Nocivo de Álcool, em Washington, na qual a indústria do álcool firmou\n novos compromissos na área de prevenção.\n \n Um\n dos principais desafios discutidos na reunião foi a necessidade de mudar os\n padrões de consumo de bebida alcoólica entre os jovens. O crescente abuso do\n álcool entre mulheres e garotas, situação que demanda estratégias específicas,\n também foi tópico importante na pauta de discussões.\n \n "Foi\n a primeira vez que colocamos no mesmo ambiente diferentes atores - governo,\n ONGs, universidade e indústria - para debater e entender os diferentes ângulos\n dessa questão", diz o psiquiatra Arthur Guerra, presidente executivo do\n Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). O evento foi organizado pelo\n Cisa junto com o International Center for Alcohol Policies (Icap), entidade\n financiada pelos maiores produtores mundiais de álcool. \n \n "A\n indústria se tornou muito pró-ativa em monitorar sua própria publicidade e no\n Brasil, particularmente, tem um exemplo forte de mecanismo autorregulatório,\n que é o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar)",\n diz a vice-presidente do Icap, Marjana Martinic. \n \n Acordos.\n Em Washington, os cinco compromissos firmados pela indústria do álcool foram\n reduzir o consumo de bebidas por menores de idade, tornar mais rígidas as\n regras de marketing, providenciar informações para consumidores, impedir que as\n pessoas bebam e dirijam e pedir o apoio de quem vende a bebida no varejo. \n \n "Existe\n uma grande diferença entre aqueles que produzem e aqueles que vendem. É preciso\n ter certeza que eles saibam o que a conduta responsável significa", diz\n Marjana. \n \n Ela\n acrescenta que, nos próximos anos, os produtores querem "desempenhar um\n papel cada vez maior de liderança em providenciar informações para\n consumidores" e ainda "fazer produtos inovadores de maneira\n responsável".\n \n O\n apoio da indústria do álcool às estratégias de prevenção é contestado por\n alguns pesquisadores que estudam os malefícios da bebida. Nesta semana, o\n assunto veio à tona em audiência pública realizada na sede do Ministério\n Público do Estado de São Paulo a respeito da proposta de alteração da lei para\n restringir a publicidade da cerveja.\n \n Na\n ocasião, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Universidade Federal de\n São Paulo (Unifesp) e diretor da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas\n (Uniad), lembrou que 6% de todo o consumo de álcool no Brasil é feito por\n menores de 18 anos e 40% é feito por jovens de 18 a 29 anos, de acordo com\n levantamento nacional domiciliar. "Não acredito que a Ambev seja um\n parceiro legítimo para desestimular os jovens a beber. Pergunta se a Ambev\n daria 6% de seu faturamento para investir em saúde pública?"\n \n Ele\n também criticou o fato de a indústria financiar programas de educação sobre\n álcool nas escolas. "Onde se discute a saúde pública, interesses privados\n não têm lugar. Não podemos cair nessa armadilha."\n \n A\n psicóloga Ilana Pinsky, também professora da Unifesp e vice-presidente da\n Associação Brasileira de Estudos em Álcool e outras Drogas (Abead), alertou\n sobre o papel nocivo da publicidade em incentivar a iniciação precoce ao\n álcool. "A influência da publicidade é indireta, sutil e cumulativa",\n diz. \n \n \n \n \n