G1/PCS
Os membros do Conselho de Ética do Senado questionaram, em sessão desta quarta-feira (23), a veracidade das licenças médicas apresentadas pelo médico do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). O senador está afastado das atividades parlamentares até o dia 6 de abril e, por isso, ausentou-se de depoimento ao colegiado marcado para esta quarta.
Delcídio do Amaral ficou 87 dias preso por tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato. O senador foi solto após fechar acordo de delação premiada. Desde então, o ex-líder do governo não regressou às atividades parlamentares. Ele já apresentou três licenças médicas e pode se ausentar do Senado até dia 6 de abril. Delcídio responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. O processo pede a cassação do mandato do senador.
O relator do caso, senador Telmário Mota (PDT-RR), questionou as entrevistas que Delcídio do Amaral deu a veículos de imprensa durante a licença médica.
“O atestado diz que ele está sob cuidados e não pode comparecer às atividades, mas pode dar entrevista?”, questionou Telmário.
O senador Lasier Martins (PDT-RS) acredita que as licenças médicas de Delcídio são tentativas de atrasar o processo disciplinar contra o senador. Lasier questiona o fato de o médico ter conferido atestado médico cinco dias antes de a licença começar a valer, ou seja, antecipando a impossibilidade de Delcídio comparecer aos trabalhos.
“É evidente a intenção de procrastinação. Dá um atestado, no dia 18 de março, dizendo que ele estará impedido de realizar atividades no dia 23 de março. É evidente que é abuso. Precisamos tomar cuidado para que não se repita aqui no Senado o que acontece há meses na Câmara dos Deputados”, disse Lasier se referindo ao processo contra Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) sugeriu que o Conselho convoque um perito médico para analisar as condições de saúde de Delcídio do Amaral.
Os senadores do conselho também aprovaram um requerimento para que a cópia integral da delação premiada de Delcídio do Amaral seja disponibilizada, pela Procuradoria Geral da República, ao Conselho de Ética.