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Novos trechos de mensagens atribuídas a procuradores da Lava Jato em Curitiba, extraídas do aplicativo Telegram, foram divulgados na noite desta quinta-feira (20) pelo programa de Reinaldo Azevedo na Bandnews FM. As informações foram confirmadas e divulgadas pelo site Intercept em uma rede social.
A nova conversa, segundo Azevedo, ocorreu em 13 de março de 2017, entre o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e o então procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, atualmente aposentado. Na conversa, Deltan repassa a Carlos Fernando uma orientação que havia recebido do então juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública.
Na quarta-feira (19), no depoimento de Sérgio Moro no Senado, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) questionou o ministro da Justiça sobre um suposto diálogo divulgado semana passada pelo Intercept. Nele, o então juiz teria dito ao procurador Deltan Dallagnol que uma procuradora é excelente profissional, mas que em audiência não ia bem. E sugere um treinamento. O senador quis saber se o então juiz orientou ou não a troca de agentes na operação.
Moro deu a seguinte resposta ao senador: “Não podemos tomar por autênticas essas mensagens. Pelo teor das mensagens, se elas realmente forem autênticas, não tem nada de anormal nessas comunicações. Em nenhum momento no texto há alguma solicitação de substituição daquela pessoa. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências, realizando atos processuais, até hoje, dentro da Operação Lava Jato”.
Nesta quinta-feira, o Intercept divulgou um novo trecho por meio de uma rede social.
Segundo o site, após receber de Moro a sugestão sobre a procuradora, Deltan Dallagnol teria encaminhado o diálogo dele com o então juiz ao colega Carlos Fernando Santos Lima e dito, citando outros dois procuradores:
13:17:26 Deltan: Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela.
13:18:11 Carlos Fernando: Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer.
Ainda segundo os supostos diálogos, Deltan pede a Carlos Fernando que apague o diálogo, e o procurador segue a recomendação. Intercept ressalta o fato de que a procuradora não esteve presente no primeiro depoimento do ex-presidente Lula ao então juiz Sérgio Moro no processo do triplex do Guarujá. Segundo Intercept, esse novo trecho mostraria que o então juiz Moro comandou a força-tarefa da Lava-Jato em violação das regras éticas e que ele teria se comportado como promotor chefe. E revelaria uma contradição com que Moro disse no Senado.
Questionado sobre essa nova mensagem, o ministro da Justiça disse, em nota:
"Sobre suposta mensagem atribuída ao Ministro da Justiça e Segurança Pública esclarece-se que não se reconhece a autenticidade, pois pode ter sido editada ou adulterada pelo grupo criminoso, que mesmo se autêntica nada tem de ilícita ou antiética. A suposta mensagem já havia sido divulgada semana passada, nada havendo de novo.
Na suposta mensagem não haveria nenhuma contradição com a fala do ministro ao Senado Federal, como especulado. Cabe esclarecer que o texto atribuído ao Ministro fala por si, não havendo qualquer solicitação de substituição da procuradora, que continuou participando de audiências nos processos e atuando na Operação Lava Jato."
ATUALIZAÇÃO: Na quinta-feira, os procuradores da Lava Jato não se pronunciaram a respeito desse trecho. Mas nesta sexta, a força-tarefa divulgou nota em que repudia o que chamou de "notícia falsa sobre troca de procuradores em audiência do caso triplex". (Leia nota aqui)
'Honra e orgulho' Durante entrevista nesta sexta-feira (21), no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro voltou a elogiar o ministro Sérgio Moro quando questionado por jornalistas sobre as novas conversas divulgadas site The Intercept.
Para o presidente, Moro "saiu mais fortalecido" após ter comparecido a uma comissão no Senado para comentar os diálogos. "Para mim é motivo de honra e orgulho tê-lo em meu ministério", disse o presidente.
Bolsonaro afirmou, ainda, que não é possível ter “certeza” a respeito da veracidade dos diálogos.
"Ninguém tem certeza da fidelidade do que está publicado ali. Existem programas que simulam conversas entre aplicativos entre duas pessoas que nunca se viram", declarou.