Política
29/09/2012 12:00:30
IstoÉ: A organização milionária da mulher de Delúbio Soares
Mônica Valente comanda o escritório brasileiro de associação que recebe R$ 7 mi por ano para representar sindicatos
IstoÉ/PCS
O ex-tesoureiro do PT (á esq.), Delúbio Soares, diz que depende da mulher,... Mônica Valente, para honrar suas despesas. Ela cobra um euro por filiado à associação que dirige
\n \n A\n adesão das confederações à ISP custa um euro por filiado. Em conjunto, as 26\n confederações filiadas à associação comandada por Mônica Valente repassam para\n ela R$ 7 milhões por ano das receitas obtidas com o imposto sindical. As\n informações foram confirmadas à ISTOÉ por dirigentes de entidades ligadas a\n esse braço brasileiro da organização internacional.
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\n O destino desse dinheiro todo, porém, é um mistério até mesmo para as entidades\n que pagam pela filiação. A ISP recebe recursos das confederações que\n representam os servidores públicos e não presta contas. Por isso, a filiação à\n ISP gera polêmica na base das confederações. \n \n \n \n Sindicalistas\n contrários ao repasse de dinheiro à associação alegam não entender para que\n serve o dinheiro aplicado na entidade para a representação internacional.\n Argumentam que os resultados da atuação da organização comandada pela mulher de\n Delúbio deixam a desejar. Em dez anos de existência, por exemplo, apenas uma\n denúncia contra cerceamento dos direitos trabalhistas teria sido aceita pela\n OIT. \n \n \n \n Ela\n não tem participação nas principais causas, não tem programa. É mais uma\n entidade em que os dirigentes se apegam à estrutura para ter benefícios. Recebe\n arrecadação das entidades e não tem transparência, critica Sandro Pimentel, um\n dos coordenadores da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades\n Brasileiras (Fasubra). \n \n \n \n Servidores\n do Judiciário tentaram impedir na Justiça o desconto nos salários para bancar\n entidades, que segundo Adilson Rodrigues, diretor do Sintrajud, nem deveriam\n existir. É um absurdo descontar um dia do salário do trabalhador para\n sustentar sindicatos de fachada. Os dirigentes se lambuzam no dinheiro suado do\n servidor. No dia a dia, a ISP é fictícia. A atuação internacional de um\n sindicato é algo pontual, não de filiação em tempo integral. Gastamos dinheiro\n para bancar uma entidade fajuta, acusa Rodrigues. \n \n \n \n A\n denominação internacional que a associação comandada por Mônica carrega\n também não combina com a estrutura que o ISP tem no Brasil. Como uma espécie de\n franquia do órgão internacional, a associação registrou CNPJ em São Paulo em 2001, antes\n da entrada da mulher de Delúbio. Embora tenha mais de dez anos de existência e\n opere uma verba milionária, a associação que embolsa recursos das confederações\n sindicais se resume a uma sala no centro da capital paulista e é tocada hoje\n por apenas duas pessoas. Além de Mônica, a entidade também é representada por\n Jocélio Drummond. \n \n \n \n Durante\n a semana, a reportagem de ISTOÉ procurou a mulher de Delúbio e outros\n representantes da ISP, mas a secretária da organização insistiu que a entidade\n não contava com nenhum outro responsável além de Mônica e Jocélio, ambos fora\n do País, em viagem à Argentina. No papel de representantes dos servidores\n públicos brasileiros no plano internacional, os dois se revezam realizando\n palestras, recrutando integrantes das confederações para formar grupos de\n trabalhos com o objetivo de discutir temas do funcionalismo e participando\n de congressos dos sindicatos filiados. Em eventos da sede da Internacional,\n eles se apresentam como representantes do escritório brasileiro. \n \n \n \n Durante\n a greve dos servidores federais, este ano, a ISP também prestou consultoria às\n confederações analisando os pleitos dos servidores que seriam apresentados ao\n governo. O principal trabalho na ISP é orientar nas demandas do funcionalismo\n e discutir o direito de greve, diz João Domingos, presidente da Confederação\n dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), entidade que reúne 2,5 milhões de\n funcionários de órgãos municipais, estaduais e federais.
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\n Mônica Valente não é novata no meio sindical. Antes de assumir a defesa de\n causas do serviço público, ela militou na ONG Instituto Observatório Social\n (IOS), ligada à CUT. \n \n \n \n O\n IOS atua hoje como parceiro da associação da mulher de Delúbio. Em 2011, o\n instituto recebeu R$ 200 mil da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e o\n mesmo valor da Petrobras para ação de comunicação institucional. Agora, no\n entanto, Mônica manipula um orçamento bem mais polpudo. \n \n \n \n A\n maior parte dos recursos milionários que bancam a entidade vem de descontos do\n contracheque de servidores públicos federais para as confederações. A obrigação\n de dar um dia trabalhado por ano aos movimentos sindicais está prevista na\n Constituição. \n \n \n \n Mas\n um processo em tramitação no Tribunal de Contas da União (TCU) questiona a\n legalidade da transferência de dinheiro para as confederações de representação\n do serviço público, cujos funcionários não são regidos pela CLT. Servidores\n também entram na Justiça para questionar o desconto. Mesmo assim, entidades\n como a administrada por Mônica Valente recebem mais de R$100 milhões todos os\n anos.\n \n \n \n \n