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O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), afirmou nesta quinta-feira (3) que o partido defenderá eventual pedido para que o recesso parlamentar de janeiro seja cancelado para acelerar o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O entendimento do governo é de que é necessário evitar que Dilma "sangre", com uma investigação que se arraste por meses.
"Estamos atrás de dizer que o Brasil precisa andar independentemente de futrica política. Esse assunto tem que ser encerrado o mais rápido possível. Queremos que a comissão seja formada logo, para decidir e derrubar [processo de impeachment]. Se isso [derrubada do recesso] for solicitado, a nossa bancada vai apoiar", disse Sibá.
O G1 entrou em contato com Palácio do Planalto para saber se a proposta de Sibá tem aval do governo, mas a assessoria de imprensa informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Nesta quarta, o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), já havia defendido que não houvesse recesso para acelerar a tramitação do impeachment. O recesso tem início em 22 de dezembro e termina em fevereiro. Cabe ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-RJ), a decisão de convocar senadoras e deputados neste período, para garantir o funcionamento de comissões ou sessões extraordinárias de votação.
Ordem é não obstruir Em reunião nesta quinta-feira (3) no Palácio do Planalto, líderes da base aliada também ouviram do ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, que a orientação é enfrentar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff sem manobras para postergar as investigações.
Segundo deputados ouvidos pelo G1, a avaliação é de que é melhor para o governo “resolver logo” o processo, para que Dilma não fique em situação de “suspeição”.
A abertura de processo que pede o afastamento da petista foi anunciada nesta quarta (2) pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na tarde desta quinta (3), ele anunciou aos líderes como será a divisão por partido das vagas na comissão especial que será criada para elaborar parecer sobre a continuidade ou não das investigações de Dilma.
“Não vai ter orientação para protelar. A questão é enfrentar o processo sem obstrução. A não ser, claro, que haja violação das regras. O governo acha que isso precisa ser enfrentado. E eu também acho que precisa ser enfrentado para que o Brasil siga, independente da decisão soberana da Câmara”, disse ao G1 o líder do PR, deputado Maurício Quintella Lessa (AL).
Segundo ele, Berzoini pediu que a base aliada haja de forma coordenada, refletindo sobre cada “passo”. “Ele pediu que tivéssemos uma estratégia conjunta, que pensássemos em cada passo a ser dado”, afirmou. O ministro da Secretaria de Governo foi escolhido para articular a defesa junto às bancadas no Congresso.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ), ex-ministro do governo Dilma, também disse que a ideia é acelerar o processo para pôr fim aos questionamentos a cerca do futuro da presidente. A intenção é trabalhar pela derrubada do processo na comissão especial. "Queremos montar e votar logo, para resolver logo", afirmou.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse que o seu apoio ao cancelamento do recesso vai depender se ficar claro que não há uma tentativa do governo de seguir com o processo em janeiro para evitar que seja acompanhado pela sociedade.
"Janeiro é um mês que muita gente sai de férias. Há uma intenção de acelerar a avaliação do impeachment justamente no mês de férias e pegar a sociedade desmobilizada. Pode estar havendo uma manobra governista", afirmou.
Para o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), é preciso saber antes a estratégia do governo. "Quando o governo vem com a ideia de que temos que votar rapidamente, a gente começa a desconfiar", disse.