Sheila Forato
A maioria dos vereadores de Coxim votou pela absolvição de Ângelo Gari (PP) e a sessão de oito horas, realizada nesta segunda-feira (19), terminou em pizza, literalmente. Apenas cinco vereadores – Abilio Vaneli (PT), Carlos Henrique (MDB), Marcinho Souza (PSB), Marly Nogueira (PT) e o presidente William Meira (PSDB) – votaram contra o arquivamento da denúncia.
Os outros, com exceção do Gari, votaram a favor do arquivamento, conforme orientação da Comissão Processante, presidida pelo vereador Flávio Duarte (PP). Ângelo Gari foi denunciado por receber salário da Prefeitura de Coxim sem trabalhar, durante 16 meses, entre janeiro de 2021 a abril de 2022.
A Comissão Processante chegou a ouvir o coordenador de Defesa Civil, Gilberto Portela, onde o Gari teria prestado serviço em parte desse período, porém, o mesmo negou que tenha tido o vereador como colega de trabalho. Mas, afinal, você chegou a ver, no período citado, o Ângelo trabalhando pela Defesa Civil de Coxim?
Consta ainda, na denúncia, que Ângelo assinou o livro ponto em dias que estava em Brasília/DF. O próprio Gari chegou a postar sobre a viagem em suas redes sociais, em outubro de 2021. Diversas agendas foram exibidas no período, conforme publicações no Facebook do próprio acusado. Confira:
Sem contar as discrepâncias entre os documentos apresentados pela defesa do acusado, principalmente sobre o horário em que desenvolvia suas funções. O presidente da Câmara, William Meira (PSDB), chegou a citar que Ângelo Gari não conseguiu provar sua frequência no trabalho. “Em algumas situações o senhor estava em dois lugares, contrariando a lei da física”, comentou o tucano.
Somente em 14 de junho de 2022, um dia depois da Câmara de Coxim tratar da abertura da Comissão Processante, foi que Ângelo Gari devolveu aos cofres municipais R$ 4.876,15. Ele alegou que a devolução era referente a verba salarial recebida em dias que não prestou serviços para a Prefeitura de Coxim, pois estava exercendo a função de vereador fora de Coxim.
Um mês antes, em maio de 2022, quando a especulação da denúncia teve início, o parlamentar pediu afastamento de suas funções na Prefeitura, em razão do mandato de vereador. Poucos dias depois, a denúncia assinada por Márcio Ferreira Vaz deu entrada na Casa de Leis.
O fato é que hoje a maioria votou pelo arquivamento da mesma e a sessão acabou em pizza, servida pela assessoria do vereador Abilio Vaneli. Uma era de calabresa e outra de frango, se não me engano. Quase todos se fartaram, em plena tarde de segundona. O mesmo não deve acontecer com a investigação paralela, que corre no Ministério Público Estadual.