Política
01/11/2012 11:38:28
Marcos Valério cita Lula e Palocci em novo depoimento ao MPF
Espontaneamente, ele marcou uma audiência com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e fez relatos novos, afirmando que, se for incluído no programa de proteção à testemunha - o que o livraria da cadeia -, poderá dar mais detalhes das acusações.
Terra/HJ
\n \n Empresário\n condenado como o operador do mensalão, Marcos Valério prestou depoimento ao\n Ministério Público Federal (MPF) no fim de setembro. Espontaneamente, ele\n marcou uma audiência com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e fez\n relatos novos, afirmando que, se for incluído no programa de proteção à\n testemunha - o que o livraria da cadeia -, poderá dar mais detalhes das\n acusações.\n \n Dias\n depois do novo depoimento, Valério formalizou o pedido para sua inclusão no\n programa de testemunhas enviando um fax ao Supremo Tribunal Federal. O\n depoimento é mantido sob sigilo. Segundo investigadores, há menção ao ex-presidente\n Luiz Inácio Lula da Silva, ao ex-ministro Antonio Palocci e a outras remessas\n de recursos para o exterior além da julgada pelo Supremo no mensalão (o\n tribunal analisou o caso do dinheiro enviado a Duda Mendonça em Miami e acabou\n absolvendo o publicitário).\n \n Ainda\n no recente depoimento à Procuradoria, Valério disse já ter sido ameaçado de\n morte e falou sobre um assunto com o qual parecia não ter intimidade: o\n assassinato em 2002 do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.\n \n A\n "troca" proposta pelo empresário mineiro, se concretizada, poderá\n livrá-lo da prisão porque as testemunhas incluídas no programa de proteção\n acabam mudando de nome e passam a viver em local sigiloso tentando ter uma vida\n normal. No caso da condenação do mensalão, Valério será punido com regime\n fechado de detenção. A pena ultrapassou 40 anos - o tempo da punição poderá\n sofrer alterações no processo de dosimetria. O empresário ainda responde a pelo\n menos outras dez ações criminais, entre elas a do mensalão mineiro. \n \n Citação\n é insanidade, diz advogadoA assessoria do Instituto Lula, que representa o ex-presidente, informou que\n não se pronunciaria sobre o assunto por desconhecer o conteúdo das declarações\n dadas por Marcos Valério ao Ministério Público Federal. Já o criminalista José\n Roberto Batochio, que defende o ex-ministro Antonio Palocci, rechaçou com\n veemência a citação feita por Valério. "É uma insanidade", protestou.\n \n Palocci\n afirma, segundo esclareceu seu advogado, que "não tratava de base de\n governo" e que "nunca teve nenhum tipo de contato" com o\n operador do mensalão. Batochio foi taxativo. Ele disse que Palocci ficou\n "perplexo com essa informação". "Fazer uma afirmação dessas\n contra quem nunca teve nenhuma participação de sustentação de base, e é este o\n caso de Palocci, é insanidade derivante de um estado psicológico diante da\n situação pessoal que ele (Marcos Valério) vive."\n \n O\n mensalão do PTEm 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no\n suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto\n Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares\n da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os\n interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado\n federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara.\n Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos\n públicos até 2015.\n \n No\n relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como\n operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e\n ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o\n ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de\n quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa. \n \n Em\n 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para\n não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que\n fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos\n 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de\n figurar na denúncia.\n \n O\n relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema\n era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso,\n Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMPamp;B\n Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação\n de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. \n \n A\n então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto\n Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de\n quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda\n Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de\n dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação\n (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do\n Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção\n passiva e lavagem de dinheiro. \n \n O\n ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por\n peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda\n parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator,\n Roberto Jefferson. \n \n Em\n julho de 2011, a\n Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o\n STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da\n Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal\n (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.\n \n A\n ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão\n tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino\n Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar\n dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados\n errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu\n a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça\n Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.\n \n \n \n \n