Thaís Oyama
Carlos Bolsonaro sempre compartilhou com Jair Bolsonaro um fraco por teorias persecutórias. No início do governo, o vereador pelo Rio de Janeiro disseminou suspeitas infundadas de que aliados de seu pai planejavam traí-lo, derrubá-lo e até matá-lo. Entre os alvos do segundo filho de Bolsonaro, estiveram o vice-presidente Hamilton Mourão e o ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em 2020.
Agora, pai e filho compartilham um temor: o de que Carlos Bolsonaro, em breve, seja alvo de uma ordem de prisão. Segundo um aliado do presidente, é esse receio a principal causa da mudez do ex-capitão, que à exceção do discurso de dois minutos lido no dia 1º de novembro, não se pronuncia desde a sua derrota nas eleições.
Carlos Bolsonaro é o único filho político do presidente sem direito a foro privilegiado.
Trata-se de uma situação relativamente nova, já que, até o ano passado, por uma excrescência legal, a Constituição do Estado do Rio garantia a vereadores o direito que a Constituição Federal reserva apenas a presidentes, governadores, ministros, senadores, deputados federais e prefeitos.
Em abril de 2021, o STF considerou inconstitucional a brecha aberta pela Constituição do Rio e, com isso, Carlos Bolsonaro perdeu o direito de ser processado e julgado por tribunais superiores.
"Na hora em que descer, vão pegar ele", afirma Bolsonaro segundo um aliado, referindo-se aos riscos que correrá seu filho Carlos se os inquéritos em que ele está envolvido, transformados em processo, "descerem" para a justiça comum.
Atualmente, o vereador é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeita da prática da "rachadinha", e pela Polícia Federal por acusação de participação em milícias digitais antidemocráticas.
Esse segundo inquérito foi instaurado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes — cuja ira Bolsonaro agora se esforça para não atrair para si mantendo a boca fechada.